Recentemente, o excelente programa Expresso da Manhã, apresentado pelo jornalista Wellington Callazans e pelo advogado Romulus Maya, fez uma longa defesa do futebol como "patrimônio cultural". O líder do PCO, Rui Costa Pimenta, havia feito a mesma coisa em várias de suas palestras.
Nos dois casos, curiosamente são esquerdistas defendendo o mais capitalista dos esportes e que depende não somente de muito dinheiro como também da difusão da grande mídia, esta grande responsável pela construção do mito do futebol-civismo e da colocação das próteses que transformaram um esporte sem graça em algo extremamente magico e sedutor.
Vários fatores comprovam a estranheza do apego quase doentio dos esquerdistas com o futebol, como uma criança que insiste em se agarrar a um urso de pelúcia encardido. Tudo no futebol tem a ver com a direita:
- Instrumento mais bem sucedido de manipulação das massas;
- Dependência da grande mídia para se tornar hegemônico e popular;
- Envolve muito dinheiro de patrocinadores capitalistas e de cartolas;
- A corrupção no futebol é maior que na política;
- Vários jogadores e ex-jogadores aderindo a ideais de direita;
- Usado frequentemente como "comprovação de validade" da Meritocracia.
A dependência narcótica das esquerdas com o futebol, o que tem muito a ver com o Espiral do Silêncio (se alguém não aderir ao futebol, supostamente curtido por ampla maioria dos brasileiros, se sentirá sozinho) entra em choque com muitas características do futebol, mostrando uma grave contradição que pode tirar a razão de esquerdistas em momentos de séria reivindicação.
Sabe-se que quando o assunto é lazer e cultura, os esquerdistas dão um show de ingenuidade. Fica a impressão de que os esquerdistas não querem um mundo melhor, mas uma inclusão no mesmo mundinho apodrecido pelo Capitalismo que insiste em se manter.
Jogadores de futebol: Direita, Volver!
Para piorar ainda mais a ingenuidade de esquerdistas, que estranhamente escreveram livros denunciando a corrupção no futebol, revelando que as maiores vitórias do futebol brasileiro coincidiram com o êxito dos mesmo cartolas que as esquerdas costumam criticar, várias celebridades ligadas ao futebol resolveram assumir seu direitismo, para decepção dos esquerdistas que os admiram.
Veteranos, como Zico e Pelé, já declararam seu direitismo. Ronaldo Nazário virou garoto propaganda de Aécio Neves. Ronaldo gaúcho vai se lançar como político em partido fascista. Até Neymar, um dos homens mais ricos do mundo, já assumiu com muito orgulho seu direitismo. Então porque ficar neste cabo de guerra com esquerdistas tentando tomar para si o que é dos capitalistas?
Seria melhor que os esquerdistas escolhessem outro esporte. O apego ao futebol, justificado pelo ingênuo argumento de que é nosso maior símbolo de civismo (?!) é uma prova de que as nossas esquerdas são conservadoras e não estão muito interessadas em quebrar os paradigmas.
Ao se apegar ao futebol as esquerdas mandam um recado ao povo de que, pelo menos no futebol, estão do lado dos direitistas. A esquerda perde uma valiosa oportunidade de construir um Brasil totalmente diferente do construído pelos direitistas o que mostra que as esquerdas não se importam em viver num mundo com regras impostas pelo conservadorismo, desde que seus direitos sejam mantidos.
Sem mudar o sistema, mantendo importantes paradigmas, a esquerda se submete aos direitistas que transformarão as forças progressistas em seus lacaios, tendo que realizar golpes periódicos para limitar os interesses das esquerdas, que ingenuamente se recusam a peitar os donos do poder de forma decidia. E este ciclo se repetiu e repete pois a esquerda brasileira é formada por bundas moles mantedoras de velhos costumes e aprisionadas em zonas de conforto.
Ainda estamos esperando uma esquerda mais ousada, que ofereça mudanças reais ao sistema. Até isso acontecer, a esquerda continuará fazendo gols contra si mesma, com a ajuda do mais capitalista dos esportes.