quarta-feira, 30 de maio de 2018

Agradeçam a crise: pela primeira vez, brasileiros preferem mundo real do que conto de fadas da copa

Durante muitas décadas, o futebol tem sido prioridade máxima em um país que nunca conseguiu resolver seus problemas e injustiças. Iludidos com a magia de um esporte agregador de amizades, tradicionalmente meritocrata e de pompa postiça, os brasileiros sempre tiveram o estranho orgulho de serem os melhores em uma atividade tão importante que uma atração de circo do que serem os melhores em desenvolvimento e qualidade de vida.

Fomos "educados" pela mídia a tratar o futebol como a nossa única esperança de sermos alguma coisa. Com o intelecto atrofiado de boa parte da população, muitos brasileiros chegaram a acreditar que uma vitória em copas traria melhorias econômicas para o povo brasileiro, justificadas com os argumentos mais surreais, criativos, mas totalmente imbecis.

Mas esta copa traz um ingrediente nunca visto desde que a "seleção" da CBF venceu sua primeira copa: o desprezo dos brasileiros. O futebol só começou a ser assunto a partir do mês passado e não desde janeiro como tem sido nas outras copas. E hoje, a "seleção" foi viajar para a copa de forma melancólica, sem os urros apaixonados da torcida. Um bom sinal de que estamos amadurecendo.

Discussões nas redes socais que tentavam colocar o futebol em seu devido lugar - como reles forma de diversão, uma brincadeira de adultos - além do fracasso da copa de 2014, organizado "em casa", tem ajudado a mirar as mentes dos brasileiros para o mundo real, se esquecendo do clima de conto de fadas que costumam haver em anos de copa de futebol.

O golpe de 2016, curiosamente financiado pelos mesmos grupos capitalistas que patrocinam a "seleção" de futebol, ajudou muito a empurrar os brasileiros para a maturidade. É válido gostar de futebol, mas não da maneira como os brasileiros fizeram desde que a "seleção" venceu sua primeira copa, graças a misteriosas ajudinhas de cartolas cheios de dinheiro no bolso. Não dá para transformar uma mera brincadeira em "civismo pleno".

Claro que para um grande número de pessoas a tara pseudo-cívica pelo futebol ainda é importante. Tanto é que esquerdistas e alguns grupos sociais ainda se empenham em tentar convencer a população a esquecer por um momento os problemas e pensar na copa de futebol, como se bom êxito de 11 palhaços de circo pudesse compensar o clima de terra arrasada que aos poucos transforma o Brasil em um Haiti pós-terremoto.

Mas o tempo sempre cobra maturidade daqueles que precisam se evoluir. Não dá para ficar na eterna infância de priorizar brincadeiras. O Brasil dá sinais de que entra na adolescência coletiva. Infelizmente teve que acontecer desgraças sucessivas provocadas por um governo de corsários comprometidos com o capital internacional para que os brasileiros acordassem do sonho encantado do "príncipe" Neymar e seus 10 dourados "cavaleiros".

Sei que parece triste para os que sempre priorizaram o sonho do futebol. Mas a vida é essa mesma: a gente sonha com maravilhas para acordar repentinamente pronto para os desafios do mundo real. Não dá para ser criança eternamente. A maturidade exige conexão total com a realidade.

Acho que estamos deixando de ser a infantil "Pátria de Chuteiras". Tomara.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Camiseta da CBF: símbolo "cívico", centro da polarização política

As esquerdas nunca desistiram de gostar de futebol, controlado por uma entidade direitista (a CBF), patrocinado pelas mesmas empresas que patrocinaram o golpe e com um monte de jogadores orientados a apoiar políticos conservadores e seus ideais. 

Incapazes de abandonar sua Zona de Conforto do Agrião, forças progressistas querem de qualquer forma proteger o futebol. Como se a esquerda morresse se ficasse sem futebol, o mais capitalista dos esportes, por inúmeros aspectos.

Agora os progressistas ficaram com mimimi de reclamar sobre a queda das vendas das camisetas amarelas da CBF. Estigmatizadas por terem sido usadas pelos golpistas como "símbolo cívico" (conceito compartilhado entre esquerdistas e direitistas - um consenso), as camisetas têm encalhado nas lojas oficiais, fazendo com que torcedores mantenham seu hobby sem vestir camiseta.

Mas entidades de esquerda começam a protestar - como não fazem em relação a (d)eforma trabalhista - pelo direito a usar a camiseta na copa. Brasileiro é povo infantil e sempre colocou  futebol como prioridade. Acabam-se tudo, inclusive várias formas de diversão e em tempos de alta crise e golpe que se arrasta, os progressistas ainda encontram tempo para se espernear em prol do futebol.

Acontece, caros amigos, que não é questão de ser de direita ou de esquerda o fato de gostar de futebol. Enfiaram na cabeça de quase todos que futebol é coisa de brasileiro. Vive no Brasil, é obrigado a gostar de futebol, principal agregador social e objeto de civismo para uma população que não costuma ser patriota, a não ser de brincadeirinha, em tempos de copa.

É preciso falar de um fato real ignorado pelas esquerdas. Quando os coxinhas estavam usando a camiseta da CBF, estavam consagrando a confusão entre Brasil, a "seleção" e Brasil, o país. Confusão tradicional na "Pátria de Chuteiras". Se as esquerdas, que ainda têm alguma inteligência, ainda confundem futebol com o próprio país, imagine os direitistas, que são burros!

Este papo de que "a direita não gosta de futebol" lançado por alguns grupos de esquerda nã faz parte da realidade. A direita gosta ainda mais de futebol do que a esquerda, embora existam mais direitistas que não curtem futebol que as esquerdas, por motivos de elitismo (acham que futebol é "esporte de pobre") e não porque a modalidade é chata e têm entusiastas ainda mais chatos.

Quando a direita usou a famigerada camiseta da CBF nas manifestações pró-golpe, estava sim, homenageando a "Pátria de Chuteiras". E é assim que somos conhecidos mundialmente: um povo que só gosta de futebol, dando à modalidade uma importância muito maior do que assuntos sérios. 

Crianças só gostam de brincadeiras e brinquedos. Se zangam quando são obrigadas a deixar a brincadeira para ir estudar. Temos apenas 518 aninhos, diante de nações seculares e milenares. Nada mais coerente que a nossa teimosa infantilidade. 

Por isso nos esperneamos quando vemos algo relacionado ao futebol ser ameaçado. Reforma trabalhista? Quem tem emprego que segure o seu e o resto que se exploda. Quanto ao futebol, temos que fazer tudo para salvá-lo como nosso maior patrimônio. O petróleo já é dos gringos. 

Mas isso não importa. O futebol ainda é nosso e a direita fica muito feliz em saber que pode hipnotizar as esquerdas para que elas apoiem o saque feito pelos maiores especuladores do país. A direita sabe muito bem que pode usar o futebol para anestesiar as massas e impedir alguma mudança real para o Brasil.

Por isso que para as esquerdas, defender a camisetinha da CBF é muito mais importante que lutar contra o golpe. Como se o futebol pudesse ser uma perfeita compensação para uma população sem direitos e sem soberania. Se faltar comida, temos a bola de futebol. Comamos a bola. Pensam que a fome de bola saciará a nossa fome por comida e dignidade.

domingo, 20 de maio de 2018

Desabafo: quando a maioria gosta do que você não curte

Ouvi dizer uma vez que a democracia não é a vontade de todos e sim a vontade da maioria. É praticamente impossível agradar a todos em um mundo em que opinião e preferências são tratadas como patrimônios, fazendo as pessoas terem exatamente o mesmo gosto ao nascer a antes de morrer.

O ser humano é um ser social. Mas para que a sociedade tenha uma certa harmonia, é preciso haver regras. Apesar de não serem escritas em uma espécie de "constituição", as regras sociais costumam ser rígidas. 

Apesar de não haver uma autoridade que fique responsável por regulá-las e fiscalizá-las, a própria sociedade cuida disso. Os próprios cidadãos se encarregam de verificar se tais regras estão sendo cumpridas. Os próprios cidadãos se encarregam das recompensas e das punições.

Nos acostumamos a obedecer tudo e todos. Passamos a maior parte do tempo obedecendo alguém. Cerca de 8 horas por dia, durante cinco dias (ou mais) a cada semana, abrimos mão das nossas vontades para satisfazer interesse alheio. É natural que no final de semana e nos períodos de lazer, mantivéssemos o cacoete.

O lazer no Brasil não é espontâneo. Não é porque tem que estar de acordo com as regras de convívio social. Somente crianças são espontâneas. Já na adolescência, a sociedade começa a cobrar postura dos indivíduos. Se você não entra na onda do momento, logo é descartado do convívio social e recebe o carimbo de "esquisito". Isso quando não dão rótulos mais ofensivos.

Para evitar a solidão, segundo pesquisas o que as pessoas tem mais medo - mais do que a morte, e o crescimento no número de suicídios comprova isso - as pessoas decidem "seguir o gado" mesmo que estejam todos caminhando para o despenhadeiro. Um despenhadeiro cheio de gente parece melhor que um jardim florido esvaziado pela solidão.

O Brasil é um país com alta vocação para a diversidade. E diversidade, sem controle, é um risco para a desordem e o desentendimento. Incapaz de controlar a diversidade, a sociedade decidiu escolher algo que servissem de consenso, mesmo falso, que pudesse unir mentes de tão variadas ideologias. 

O senso comum decidiu que o futebol seria este consenso. Transformá-lo em quase unanimidade - sim ele não é unânime: há um monte de solitários indispostos a seguir o "gado" - foi uma decisão crucial para que os brasileiros pudessem ter pelo menis um ponto de união. Algo que pudesse representar, mesmo postiçamente, a confraternização entre os brasileiros.

Só que eu nunca curti futebol. Não curti nem curto. Futebol não me dá prazer e não me identifico com as características do esporte. Tênis, surfe, basquete e automobilismo me parecem mais interessantes. Mas sinto uma pressão social enorme que subentende o desejo de todos para que eu me una a imensa torcida pelo futebol nacional.

Já fiz inimizades apenas por assumir não curtir futebol. Se no Brasil, o futebol é uma não-assumida obrigação social, no Rio de Janeiro, onde estou morando atualmente, é quase uma regra de etiqueta e sinal de respeito humano. Diga ao dono de um restaurante italiano que a comida que você não gosta da macarronada que ele faz. A reação é a mesma quando um carioca ouve que alguém não curte futebol. Mesmo que isso seja dito de forma respeitosa.

Nem sei mais o que é dormir cedo, pois as barulheiras das noites de quarta desregularam meu organismo quanto a capacidade de dormir. Em tempos de copa, tenho que ouvir música em fones de ouvido para não ter que ouvir a algazarra que se medida em decibéis, soa como um avião supersônico decolando da janela de meu prédio.

Apesar de haver um numero grade de pessoas que não curtem futebol, elas estão espalhadas pelo país. E estranhamente não são unidas. Eu já propus em redes sociais para que os que não curtem futebol criassem um evento para não sentirem solitários em tempo de copa e para mostrar aos torcedores que a quantidade de alheios ao futebol não é tão pequena. Mas ninguém se empenha e cada um prefere se isolar. Vida social é prerrogativa de quem gosta de futebol.

E teremos copa mais uma vez. O gado ensandecido já coloca o assunto como prioridade nacional. A falsa unanimidade da ilusão de dever cívico a modalidade. Percebo que é a única noção de patriotismo para uma população que não se importa em ver suas riquezas vendidas e a população em crescente miséria. Enquanto gritamos gol na frente da TV, o assaltante vai roubando tranquilamente a nossa casa, tranquilo diante de nossa hipnótica letargia futebolística.

Quanto a mim, aguardo a tal copa como alguém que vai aguentar uma arriscada cirurgia. O Brasil entrará em coma durante um mês e a população concentrará a sua total atenção a um monte de bonecos correndo atrás de uma bola em uma tela verde. Isso nunca deu certo para o país, mas é tradição o fato de que brasileiros se apegam a tradições fracassadas.

Durante os barulhentos jogos da seleção estarei deitado numa cama, com um fone de ouvido com música em último volume. Após a histeria dos jogos, tudo volta como era antes e todos perceberemos que todo o empenho feito em prol de uma simples diversão foi inútil. 

Assim perceberemos porque nunca saímos do subdesenvolvimento. Estamos presos na infância de priorizar uma reles brincadeira. E ai de você se não quiser brincar...

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Futebol todos os dias? Maldita Tela Verde todos os dias também!

Ei você, amigo que adora futebol e odeia textos que critiquem, mesmo de forma respeitosa, o seu hiper-estimado hobby. Tenho más notícias para você. Durante a copa de futebol, equivocadamente tratada como único evento "cívico" para os brasileiros, cuja edição de 2018 está para começar daqui a cerca de um mês, este blogue passará a ser diário.

Esta decisão foi tomada porque haverá muito assunto para ser falado enquanto milhões de brasileiros permanecerão em plena letargia, hipnotizados por um bando de bonecos amarelados - como os coxinhas manifestoches de 2016 - correndo pra lá e pra cá numa tela verde atrás de uma bolinha.

O blogue titular do Consórcio Laranjeira, o Alto da Laranjeira, deixara de ser diário durante a copa, sendo publicado apenas no domingo, levando meu blogue literário, o Sedentário Diário, para as quartas-feiras. 

Após encerrada a copa, tudo volta como era antes (Alto da Laranjeira diário, Sedentário Diário nos domingos e Maldita Tela Verde nas quartas). Seja lá qual for o vencedor. Até mesmo se Temer, o Vampiro da Tuiuti, segurar a taça junto com o amado e idolatrado (salve, salve!) Neymar, o Herói da Meritocracia, para milhões esquecerem que estamos num golpe com diretos civis praticamente destruídos. Um verdadeiro gol contra a população brasileira

Dia 03/06 começam as postagens diárias deste blogue. Aguardem e confiem.



quarta-feira, 9 de maio de 2018

A agonia de não curtir futebol vivendo no Brasil


Estamos nos aproximando de mais uma copa de futebol. Graças a imposição social, com uma ajudinha da grande mídia corporativa, a maioria das pessoas alega gostar de futebol. Pelo menos prefere estar em ambientes onde hajam torcedores para não ficar sozinho. Pessoas ão seres sociais e ficar sozinho traz uma série de desvantagens.

Mas há quem não aguente o futebol nem mesmo para se sociabilizar. Um bom numero, não majoritário, mas ainda assim relativamente grande, de corajosos que ousam desafiar as regras rígidas do convívio social e se recusam a aderir ao hobby mais famoso da sociedade brasileira. Para estes verdadeiros heróis, a vida é árdua. Barulhos, preconceitos, tédio e muita gente chata são o que esperam aqueles que desafiam a não curtir o hiperestimado futebol.

Em estados onde há times fortes jogando em partidas transmitidas nas madrugadas de quartas-feitas, o sono passa a se tornar um tesouro raro e quase impossível de conquistar. Futebol é esporte de berrões e proibir insanos torcedores de urrarem tira a graça do hobby. Os incomodados que se virem e o direito ao barulho se sobressai ao direito ao sono. E a quinta feira de labor cotidiano já começa com olheiras e muita preguiça.

Eu falei em labor cotidiano? Imagine trabalhar em um lugar onde todos os colegas gostam de futebol, além do sádico patrão? Ter que condicionar a permanência no emprego ao gosto pelo futebol não parece algo que seja agradável de fazer. Ter que aguentar 90 minutos vendo um monte de bonequinhos correndo em uma tela verde porque o patrão entendeu ser uma manifestação de"espírito de equipe" é dose. Não raramente não vale a pena este tipo de sacrifício em prol de um emprego estressante e mal remunerado.

Namoro? Imagine você, que não gosta de futebol mas gosta de um programa bem romântico, namorar uma garota que adora futebol. Aquela tarde de domingo, sol intenso e flores por todos os cantos. Nada melhor que um programa romântico com a sua amada, não é? Mas justamente no horário de uma importante partida do time dela? Quando o time mais precisa da torcida? Coisas como esta são motivos bem justos para um fim de relacionamento, não acham?

Isso sem falar no preconceito tradicionalmente sofrido por quem se assume publicamente alheio a insanidade do fanatismo futebolístico. Não-torcedores são comumente excluídos do convívio, quando não são humilhados severamente. Não raramente sentimos um clima desagradável quando dissemos a alguém que não curtimos futebol. A reação é similar a como se estivéssemos xingando a mãe da alguém ou dizendo que a comida que o torcedor preparou é ruim. Um desastre.

São bons exemplos de como é chato para alguém que não curte futebol viver em uma sociedade que acredita na semi-unanimidade do hobby (mesmo que esta unanimidade seja falsa). E a copa está chegando para emperrar o país e deixar os hereges apavorados pelo abandono imposto e pela barulheira atmosférica. A vida não é democrática para quem se opõe à hegemonia futebolística. 

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Minha sincera opinião sobre futebol

O senso comum escolheu o futebol como "consenso" em uma sociedade diversificada como a brasileira. Por isso, o sistema impôs a modalidade como obrigação cívico-social a ponto de ser uma regra de etiqueta em alguns estados, como o Rio de Janeiro.

Isto explica o incômodo causado toda a vez que um brasileiro assume não curtir futebol. As pessoas deveriam entender que por ser uma mera atividade de lazer, ninguém é obrigado a gostar se não sente prazer por esta atividade, mesmo que ela garanta a melhoria do convívio social.

As polêmicas iniciadas quando eu assumo para amigos, colegas e conhecidos que eu não curto futebol me estimularam a escrever esta postagem, com a opinião minha definitiva sobre o que eu acho do futebol. É preciso deixar claro que eu não odeio futebol e nem vou proibir as pessoas de gostarem e muito menos vou explodir o Maracanã, templo máximo deste tipo de hobby.

Querem saber mesmo o que eu penso sobre o futebol? Futebol é uma forma de lazer. É apenas uma forma de diversão, de algo a ser feito quando estamos momentaneamente dispensados de um compromisso. E dever ser tratado como uma mero entretenimento, algo a não ser levado a sério e muito menos imposto como obrigação, seja cívica, seja social.

Todos tem o direito de gostar de futebol. Ninguém é obrigado a desprezar, nem obrigado a gostar. Seria muito bom que somente as pessoas que REALMENTE gostam de futebol aderissem ao hobby, para que a modalidade seja finalmente tratada como mero lazer. 

A adesão maciça por pessoas que tratam o futebol como obrigação criam um preconceito contra aqueles que não curtem, além de servir de isolamento social para quem não está nem aí para ver bolas rolando em campo. É preciso que as pessoas que REALMENTE não curtem futebol parem de fingir que gostam para que a opinião pública tenha a consciência de que gostar de futebol não é uma obrigação. É um direito não gostar de futebol assim como é um direito gostar.

Eu não vou ficar aqui cobrando dos outros o gosto ou o não-gosto pelo futebol. Não tenho o poder para mudar a mente de ninguém - a mídia corporativa e as suas mais do que influentes celebridades têm este poder - e os que gostam de futebol são mais do que amparados por toda a mídia (incluindo a alternativa), sociedade e autoridades. 

Ou seja, os que gostam de futebol, gozam de respeito sólido que os que não curtem futebol não possuem. Desprezo não é sinônimo de respeito e assumir estar alheio ao futebol exige um preço bem caro pago pelos que não gostam. Os que gostam de futebol podem ficar tranquilos por saber que seu hobby nunca será proibido, por mais criticado que seja.

Sobre a alienação do futebol: não é o futebol que aliena e sim a sua transformação em dever cívico-social. Para que o futebol não seja considerado alienação, é preciso devolver o caráter de mero lazer supérfluo. Politizar o futebol é uma tolice, embutindo algo que não faz parte de algo tão importante para a sociedade brasileira quanto uma brincadeira de ciranda. 

Melhor que o futebol assuma seu caráter acéfalo (entenda isso no bom sentido) do que ficar forçando a barra com intelectualismo postiço. Futebol não tem o compromisso de fazer pensar, embora a sua visibilidade favoreça algumas manifestações. Mas este caso, não é o futebol que se politiza, mas o futebol dando a oportunidade de ceder espaço a uma politização, como uma carona.

Em resumo: o futebol é uma diversão e nada além disso. Sei que esta definição não valerá para esta copa e nem para as próximas. Vai demorar para os brasileiros concordarem com isso. Talvez demore anos, décadas, séculos. O brasileiro tem demonstrado ser um povo meio infantilizado. Talvez por ter apenas 518 anos, ainda aprendendo a engatinhar.

Sonho com o dia em que os brasileiros tratarão o futebol como mera forma de lazer, sem impor a sociedade e sem parar um país todo. Imagine se fizessem isso com todos os esportes? O país nunca mais andaria, mergulhado em uma anestesiante brincadeira pueril convertida em obrigação cívica e social.

Vini Jr, Racismo e a hipocrisia da Classe Média brasileira

O assunto desta segunda feira com certeza foi o inaceitável caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Júnior, o Vini, durante um jogo de...