domingo, 21 de dezembro de 2014

O futebol não mudou as nossas vidas

O ano de 2014 está acabando. E do mesmo jeito que começou. Um ano atrás, a população brasileira estava com exagerada expectativa, não apenas por ter a copa em seu país e a possibilidade de vitória na própria casa, mas também pela crença absurda que a copa de futebol iria mudar nossas vidas.

A empolgação poderia ser comparada à expectativa pela chegada do Messias. Há quem falasse que a copa seria um divisor de águas. Religiões inventaram que o Brasil passaria a ser líder mundial  e maior potência econômica do mundo. Mas a badalada da meia noite tocou e a carruagem virou abóbora. E aqui estamos, iguaizinhos como antes do início da superestimada copa.

E não pense que a derrota humilhante, mas coerente da "seleção" foi a pior coisa que aconteceu para os brasileiros. Não foi, não, por incrível que pareça. O pior foi perceber que a copa e o futebol não  foram capazes de mudar as nossas vidas. Torcemos em vão por algo tão real quanto um sapatinho de cristal, que acabou se quebrando antes de chegar às mãos do príncipe. 

E o que é mais engraçado é que o ano que representou a maior derrota do futebol brasileiro de todos os tempos (com uma humilhante derrota em seu próprio lar) a, se encerra com uma inédita vitoria de Gabriel Medina no surfe, um esporte ainda impopular no Brasil, que costuma preferir esportes coletivos (praticados por equipes e não por atletas individualizados). Será que mudaremos o nosso esporte mais popular? Espero que sim, pois gosto de surfe.

Sei que é inútil dizer isso para a maioria dos brasileiros que curtem futebol , pois é bastante arraigado o mito de que o futebol nos traz dignidade e felicidade (mesmo falsa): o futebol é apenas uma diversão e deve ser encarada como tal. Quem não curte futebol, principalmente as mulheres, deve parar com esta coisa de ser obrigado a gostar em época de copa, só para se sentir incluído na sociedade. Futebol não é obrigação... Futebol não é obrigação... Uma sugestão de mantra para tentar gravar no subconsciente.

E encerramos o ano exatamente do mesmo jeito que começamos. Ou talvez pior, pois estamos cada vez mais convencidos de que o Brasil está longe de ser próspero, mesmo que a mitologia difundida pela mídia e por líderes prestigiados diga o contrário. Nossos problemas ou permanecem ou aumentam, o desemprego se estabiliza e nosso cotidiano está cada vez mais complicado para ser tolerado. O Brasil segue completamente incapaz de resolver os mínimos problemas. 

Mas pelo menos estamos tentando aprender que não é a entrada de uma bola em uma trave que irá transformar a sociedade brasileira em um povo próspero e amadurecido. 

Esqueçamos a carruagem do BRT de ouro e fiquemos com a abóbora. Pelo menos ela vai nos ajudar a adoçar o nosso amargo cotidiano.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Quem precisa de respeito é quem não curte futebol

Há um grande cacoete dos que amam o futebol de tratarem seu hobby favorito como se fosse seu maior direito, como um artigo de primeira necessidade que lhes garantisse a sobrevivência. 

Quando encontram alguém que não curte futebol, logo partem para a defensiva, antes mesmo que o tal não-torcedor fale alguma coisa sobre o assunto. É uma reação automática que passa a impressão que o torcedor sabe que o fanatismo dele é ridículo e passível de críticas.

Aí sabemos o que acontece: o torcedor, de maneira irritada defende o seu direito de gostar de futebol como alguém que defende a própria vida. Clama por respeito como se avida dele dependesse daquele hobby. Mas é uma atitude tola e desesperada pois mal sabe o próprio torcedor que ele tem o respeito em excesso, já que toda a sociedade, incluindo mídia, autoridades (incluindo presidentes da república) respeita e garante a manutenção de seu "maior direito".

Quem deveria exigir respeito são os que não curtem futebol. Nós que preferem se manter fora da "festa máxima" do povo brasileiro, não contamos sequer com algum apoio sólido. Em épocas de copa nos sentimos isolados e não temos como nos divertir, já que o Brasil todo se fecha para priorizar seu supérfluo favorito.

Se os torcedores querem o respeito dos que não curtem, isso soa como aquele cara que diante de um jogo perfeito que termina em larga vitória para seu time se preocupasse demais com um insignificante pesse errado que não influiu no desempenho de seu time. É o que acontece com os cantores bregas, com altíssimo nível de popularidade que lhe rende milhões de fãs, ao se preocuparem demais com os três universitários que o detestam.

E olha só quem fala! Os torcedores querem respeito mas não respeitam o sossego dos outros, berrando e pulando durante os jogos, incomodando vizinhos que querem um escasso e valioso momento de sossego. As regras sociais estipularam que futebol deve ser comemorado de forma mais histérica e agressiva possível. E mesmo assim, há torcedores que posam de "pacifistas". Hipócritas!

Porque esses torcedores se preocupam com o respeito de poucas "formiguinhas" se eles sabem que milhões de "elefantes" estão do lado dele? Não me sinto na obrigação de respeitar quem curte futebol, embora até respeite, muito mais pelo desinteresse em desrespeitar (não vejo vantagem em trollar torcedor) do que por apoio ao direito dele.

Os torcedores que parem com esse chilique e se preocupem com a multidão de graúdos que o apoiam. Não é o desrespeito de uns poucos excluídos que irá estragar o prazer que os torcedores tem de se sentirem incluídos na grande massa social, imitando seus trejeitos e seus gostos.

Torcedores já são suficientemente respeitados. Falta a eles se auto-respeitarem, deixando de transformar um lazer supérfluo e bobo em patrimônio valioso  a ser guardado como razão de vida.

sábado, 26 de julho de 2014

Justificativas mais comuns para tentar classificar o futebol como "importante"

O brasileiro é fanático por futebol. Fanático no PIOR sentido da palavra. A sua adoração doentia por futebol é infantil, irresponsável e extremamente ridícula. Nesta época do ano, os brasileiros passam a agir feito imbecis e se acham no direito de ser imbecis, desde que não sejam chamados de imbecis.

E entre as imbecilidades do brasileiro em épocas de copa é associar futebol a patriotismo, como se a dignidade do brasileiro dependesse da vitória em um supérfluo e inócuo campeonato de futebol. E não faltam pessoas que saem a procura de argumentos e justificativas para a excessiva importância dada ao futebol.

Sendo extremamente popular, mas ao mesmo tempo ridículo, para muitos é menos trabalhoso tentar inventar uma importância ao futebol do que assumir a sua ridiculosidade e abandonar o hobby que garante o bem estar social para a maioria dos brasileiros.

Bom lembrar que antes de tudo, o ato de gostar de futebol, mais ainda em épocas de copa, é uma obrigação social, quase uma regra de etiqueta. E brasileiros, sendo seres sociais como todo ser humano, sabem muito bem que abrir mão do futebol é abrir mão de direitos que somente o adequado convívio social pode oferecer.

Por isso mesmo, para tentar tirar o título de "ridículo" daquilo que eles não querem ou não podem largar, arrumam argumentos mais ou menos nobres para que o futebol possa ser visto como "importante" e que justifique a sua dedicação quase exclusiva em épocas de copa. Vamos a algumas delas:

1) Futebol traz dignidade ao país

Futebol nada tem a ver com dignidade. É uma forma de lazer. Sermos considerados o melhor no futebol não traz nenhum tipo de ganho para o cotidiano dos brasileiros. E isso já é comprovado através das 5 vitórias que tivemos. Influiu em alguma melhoria? Claro que não! Mas ainda tem muita gente que ainda acredita que a vitória no futebol ainda vai eliminar os nossos problemas...

2) Futebol é oportunidade para o povo pobre

Em termos. O futebol serve como uma loteria onde apenas uma esmagada minoria de garotos pobres, portadores de muita sorte, consegue ganhar dinheiro e mudar de vida, abandonando a miséria. Além disso, por desestimular a educação, mesmo o garoto pobre que vira magnata só por chutar umas bolinhas, continua tão "sábio" quanto era antes, demonstrando muitas vezes uma vida irresponsável, passiva, submissa e extremamente alienada, provando que o enriquecimento financeiro não ajudou no enriquecimento intelectual do ex-pobretão.

3) Futebol dá alegria ao povo

Alegria? Que alegria? Ao menos que você não saiba o que é alegria, não dá para concordar com este argumento. A alegria que o futebol proporciona é ficcional, é ilusória. Não é uma alegria concreta. O futebol não traz benefícios aos seus torcedores, apenas os entretêm. É mais fácil classificar o futebol como uma fuga dos problemas do que um gerador de felicidade. 

E observando melhor, sabe-se que pelo menos 90% dos que curtem futebol tem uma personalidade passiva, submissa, piegas e demonstram total desprezo a mudanças radicais e também adoram seguir regras e obedecer líderes. Como uma pessoa assim pode desejar a verdadeira felicidade através de uma mera ilusão?

E outra coisa: comediantes também dão alegria ao povo e ninguém fica dizendo que nomes como Fábio Porchat e Paulo Gustavo são heróis só porque fazem as pessoas sorrirem. Não se vê no humor os mesmos tipos de comentário que se veem no futebol, mesmo que o tipo de alegria adquirida seja o mesmo.

4) Futebol une pessoas de diferentes classes, credos, raças e ideologias

Pura hipocrisia acreditar que pessoas que em outras situações vivem se digladiando, possam se unir durante duas horinhas para curtir um prazer em comum. É um forçamento de barra para transformar o futebol em ativismo social. 

E será que temos que depender de um mero lazerzinho para fazer a humanidade aprender a se unir? Sinceramente, conheço formas muito mais nobres para ensinar as pessoas a amar e se respeitar do que o futebol. 

Lembrando que o mesmo futebol que une pessoas diferentes pode separar relações de afeto onde uma das pessoas, ou mais, não curte futebol.

5) Futebol nos ensina a ser patriotas

Que absurdo! Quer dizer que o Brasil não é um país, é um time de 11 jogadores? Na verdade, quanto a isso, o futebol faz justamente o contrário: dá uma noção erradíssima do que é patriotismo, banaliza símbolos cívicos e mantém os torcedores bem longe do verdadeiro patriotismo, aquele que luta bravamente (sem medo de ser morto por policiais submissos a governos e empresários) pela melhoria de nossa sociedade. 

O país é a população, não o futebol. O Brasil continuará existindo se o futebol for extinto.

6) Futebol favorece  a nossa economia

O Brasil tem inúmeros produtos que fazem a economia funcionar. O futebol não passa de uma delas e das mais pífias. Embora muito dinheiro role pelos gramados, temos muitos outros motivos para que o sistema de produção de mercadorias e serviços e de geração de renda seja mantido em intensa movimentação. O futebol ajuda, mas sem ele continuamos a crescer, graças a imensa diversidade de produtos e serviços que temos condições de oferecer.

7) Futebol nos dá orgulho

Se fôssemos um país pequeno e sem diversidade, esse argumento até que faria algum sentido. mas essa declaração soa ofensiva se lembrarmos que somos parte de um país imenso e totalmente diversificado. 

Somente a baixa auto-estima (complexo de vira-lata) pode fazer que uma reles brincadeirinha seja vista como motivo maior de orgulho. E a nossa cultura? E as nossas belezas naturais? E a nossa culinária?  E a nossa ciência?  E a nossa gente? E as outras modalidades esportivas? Isso tudo não nos dá orgulho? 

Querer que o futebol seja única fonte de orgulho é pensar pequeno.

8) O futebol nos representa lá fora

Como se não tivéssemos outro motivo para nos fazer conhecidos no exterior. É até chato para um brasileiro ser famoso por uma coisa só. Parece gafe de autista: lá vem os estrangeiros rirem de nossa cara porque superestimamos uma forma de lazer. 

Até mesmo sociedades fanáticas por futebol, como a Alemanha, a Inglaterra e a Argentina, sabem colocar as coisas no lugar e acham muita graça do nosso "patriotismo de copa" onde país e time de futebol são embaralhados e inversamente idolatrados. Lembrando que nossa diversidade oferece muitas coisas muito melhores do que o reles futebol, para sermos conhecidos no exterior.

9) Futebol tira os jovens das drogas

Essa é a falácia mais cara de pau defendida por quem curte futebol. Como se tirar os jovens das drogas estivesse incluído entre as regras de prática desta modalidade esportiva. A lógica mostra que o futebol nada tem a ver com sua capacidade de desviar o jovem das drogas e que é faz isso é um bom trabalho educacional, que pode ser feito até com quem odeia futebol (ou seja, não é preciso futebol para tirar jovens das drogas). Por outro lado, em alguns casos, o futebol pode até apresentar os jovens às drogas: 

a) jogadores famosos se envolvem com celebridades, meio onde circula muitas drogas; 
b) por ser uma atividade competitiva, esteroides, anabolizantes ou qualquer substância pode ser usada para o aumento de desempenho. Muitas dessas substâncias podem até viciar e gerar graves danos ao organismo.
c) Um jogador de futebol que entrar em depressão em uma atividade que envolve muita cobrança ode encontrar nas drogas a perfeita fuga para o fracasso.

Como veem, a falácia de que futebol é necessário para afastar os jovens das drogas é uma crendice tola que não faz sentido e que na passa de uma desculpa para justificar a suposta importância do futebol.

10) Futebol é a maior paixão do povo brasileiro

Paixão? Coisa nenhuma! Uma observação detalhada pode derrubar violentamente este argumento, se lembrarmos que brasileiros são muito vulneráveis a modismos, acreditando que o que a maioria faz está sempre correto. Pesquisas comprovam que quem gosta REALMENTE de futebol é uma pequena minoria. O futebol é bom para os brasileiros PORQUE É POPULAR e é esse o verdadeiro motivo de tanta adesão. A maioria adota o suposto hobby como uma espécie de modismo duradouro, para se sentir incluído na sociedade. 

O próprio comportamento da maior parte dos torcedores durante os jogos (assistindo como se o jogo em si fosse uma preliminar para o grito de "GOL!", verdadeiro objetivo dos que assistem aos jogos) e o desinteresse pela parte técnica e pelos bastidores (incluindo a corrupção feita para favorecer equipes) mostra que brasileiro não gosta de futebol coisa nenhuma: simplesmente está de olho na festa que vem após a vitória da "seleção" ou de seu time favorito. A festa que servirá para se sentir incluído na coletividade, num estranho hábito de legitimação da histeria.

E tenho a absoluta certeza de que, se o futebol fosse impopular, boa parte desses "patriotas de copa" estariam bem longe do futebol, tratando Neymar & CIA como um bando de desconhecidos.

domingo, 13 de julho de 2014

O verdadeiro legado da copa

Uma das novas expressões que entraram no vocabulário brasileiro nos últimos tempos foi a palavra "legado". Pouco usada até então, ela significa quando alguma coisa ou atividade gera uma consequência útil para a posteridade. 

A organização da copa em si foi um sucesso, apesar dos estádios incompletos, das obras de infra-estrutura urbana sem previsão de conclusão e da festa de abertura horrível, que lembra mais as aberturas de gincanas em colégios de cidades bem pequenas. Agora que chegou a final, resta saber o que a copa deixou como consequência de sua realização, para os brasileiros.

Mas para mim, já noto que esta copa trouxe um grande legado. E não tem nada a ver com obras nem com a diversão acontecida nos gramados. O grande legado na verdade, é uma lição. Uma lição que soa amarga para os entusiastas do futebol, mas uma lição real e que pode ser o pontapé inicial para o longo e doloroso processo de amadurecimento coletivo da sociedade brasileira.

A grande lição é que pelo menos o futebol não é mais unânime. Para a imensa maioria, ele ainda é importante. Mas deixou de ser "biológico", de "estar no sangue". A grande novidade para os entusiastas do futebol é que a sua forma de lazer favorita e principal razão de ser para muitos desses entusiastas,  é que existem brasileiros "hereges" dispostos a passar bem longe do futebol, ignorando e desprezando tudo que for relacionado a modalidade esportiva, além de sentirem incomodados com a gritaria e com o monopólio de futebol nas conversas de amigos e na programação televisiva.

Aliás, monopólio nem tanto. A mídia parece ter descoberto antes da população a existência dos não-futeboleiros. As propagandas foram fortemente hegemônicas, mas não mais monopolizadas como antes. Percebendo as críticas que rondam a redes sociais (santo Facebook que está deslegitimando o fanatismo futebolístico...), as agências de publicidade perceberam que não poderiam exagerar na publicidade pró-copa. Houve até uma anúncio de carro em que o seu ocupante vê uma torcida comemorar, fica alegre, mas não se junta a eles, preferindo a tranquilidade onde se encontrava. Em outros anos, ele teria que sair do carro e se unir à torcida. Feliz sinal dos tempos. 

Claro que é a primeira copa em que a consciência do "fim" da suposta unanimidade e muitos torcedores e entusiastas se incomodam com isso, pois para muitos, a crença em uma unanimidade era um dos motivos do futebol ser tão admirado. Com o tempo irão se lembrar que o futebol é uma forma de lazer (não um "dever cívico" como ainda pensam) e como lazer, ele nunca deve ser imposto como obrigação.

Por mais de sessenta anos acreditávamos no futebol como um dever, como a nossa única razão de orgulho (imagine um país vasto e diversificado como o Brasil, ser marcado por uma coisa só...)  e agora vem uns " enxeridos" tentar acabar com essa falsa magia infantil de nos transformar em uma "pátria de chuteiras"? Para mim, transformar o Brasil em "pátria de chuteiras" é altamente ofensivo, pois passa a ideia que não temos nada para oferecer aos outros além de futebol. Ainda vou escrever sobre isso.

Quem usa a lógica - e brasileiros não gostam de raciocinar, preferindo construir suas convicções com a confiança em instituições e pessoas socialmente prestigiadas - sabe que o futebol não passa de uma forma de lazer supérfluo. E nem adianta negar isso. O futebol nunca trouxe nenhum benefício para o país e me arrisco a dizer que em um certo ponto chega a ser nocivo, pois estimula a barulheira e dificulta a o desenvolvimento do país (ocupado demais com o futebol, se esquece do resto). Pra quê continuarmos priorizando algo que nunca nos beneficiou?

Resta saber como serão as outras copas. Tomara que os brasileiros aos poucos ouçam as críticas justas, sinceras e racionais feitas contra os excessos do fanatismo futebolístico. Resta saber se um dia os brasileiros irão amadurecer.

Resta saber se um dia irão reconhecer que, além do futebol ser supérfluo, não merecendo essa dedicação toda, que temos outras coisas em nosso país para nos orgulharmos e que só uma sociedade medíocre e mesquinha para colocar uma única modalidade esportiva para simbolizar um país tão grande e diversificado que deveria ser conhecido pela sua variedade e não apenas por uma coisa só.

Perceber que o futebol não é mais unânime já é um bom legado. E que tenhamos mais legados, para que um dia não precisemos parar um país por causa de um lazerzinho bobo cujo único "benefício" é dar a oportunidade de atazanar vizinhos com uma estrondosa gritaria.

domingo, 6 de julho de 2014

Um desabafo

Gente, vou fazer um desabafo. Leiam o texto até o fim.

Está faltando uma união entre os que não curtem futebol. É muito fácil ficarmos aqui no Face descendo o pau no futebol, na copa, na ingenuidade dos brasileiros. Mas também sabemos que quem curte futebol tem uma sólida proteção e apoio da mídia, de autoridades e de ampla maioria da sociedade.

Futebol, em nosso país não é um esporte e sim uma regra social bastante rígida. Os que curtem costumam ser bastante unidos e por isso que a ilusão de copa fica cada vez mais forte a cada ano. Apesar de ter aumentado o número dos que assumem publicamente desprezar o futebol.

Nós, que não curtimos sofremos preconceito, temos que nos virar para nos divertir, além de nos sentirmos solitários durante um mês de 4 em 4 anos. Parece um curto período, mas se lembrarmos que 4 anos passam rápido, vamos perceber que não vai demorar muito para nos sentirmos solitários novamente.

Os que moram na mesma cidade deveriam se unit, organizar eventos e mostrar para esta sociedade ignorante que não é preciso gostar de futebol para ser socialmente aceito. Que não somos um bando de mal humorados querendo que a maioria se exploda. Somos gente boa. Amamos as outras pessoas. Aliás amamos até mais do que elas, que são incapazes de abrir mão de um joguinho para dar atenção aos amigos.

Espero que a cada copa estejamos mais unidos, que possamos um dia mostrar à mídia e às autoridades (estas pensam que nós somos vândalos) que existimos e que temos o direito ao mesmo respeito que eles são capazes de dar a quem curte futebol.

Que um dia o Brasil se torne uma democracia também no lazer esportivo. Um país marcado pela sua diversidade não pode ficar refém de uma só opção de lazer, uma só modalidade esportiva. Viva a diversidade! Sem diversidade não há democracia!


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Defensores sempre arrumam um jeito de inventar que o futebol é necessário aos brasileiros

Os brasileiros cometem uma gigantesca gafe que só é sentida pelos estrangeiros e por quem não curte futebol: a de tratar, com excessiva adesão, uma forma supérflua de lazer como artigo de primeiríssima necessidade. Como é cometida por milhões de pessoas, ninguém desses milhões irá rir da cara de quem comete o mesmo erro, anulando a gafe.

Mesmo sabendo que é uma gafe, mas sem assumir (já que é cometida por quase todo mundo, uma gafe auto-perdoada), defensores do fanatismo futebolístico sempre arrumam um jeito de se desculpar inventando motivos nobres para a existência do fanatismo.

E dá-lhe teses pseudo-científicas, associação com altos valores (patriotismo?), transformação em dever social, e mitos argumentos que tentam embutir - como se coloca uma prótese - algum tipo de necessidade ao fanatismo avassalador do futebol.

E crentes de que o futebol virou uma "necessidade", Torcedores ficam furiosos quando são criticados pelos seus excessos futebolísticos porque para eles, o futebol virou direito básico. Como se os brasileiros morressem se o futebol acabasse.

Estou cansado de entrar na internet e ver teses e mais teses tentando provar que o futebol é necessário (e não é!). Só mesmo em uma sociedade que usa pouco o raciocínio, acostumada a acreditar e muitos absurdos sem sentido que isso é possível. 

Estamos muito longe de ver os brasileiros como integrantes de um povo sério. Enquanto a babaquice reinar, tudo de ruim irá continuar.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Magia do futebol é postiça e se deve graças a mídia e às tradições sociais

Para os brasileiros, nada mais mágico do que o futebol, e mais ainda em campeonatos conhecidos como "copas do mundo". O país para nestas épocas e o que acontece neste campeonato se torna o único assunto falado durante um mês inteiro, de 4 em 4 anos. Lindo, não?

Tradicionalmente, os brasileiros consideram o futebol um esporte mágico, fascinante e um tanto hipnótico. Mas se tirarmos a emotividade de lado e observarmos com o raciocínio puro e direto, o futebol nada tem de mágico. A magia está toda naquilo que o rodeia. Ou melhor, a magia do futebol não passa de uma prótese, colocada por alguém interessado em usar a citada modalidade esportiva como hipnotizante maior da humanidade brasileira.

Neste instante, esqueça um pouco a sua emotividade. É difícil, ainda mais numa sociedade que desvaloriza o intelecto e supervaloriza a emotividade. Mas se esforce um pouco e tente raciocinar como se você fosse um insensível. Agora veja um jogo de futebol.

Repare que se pensarmos muito bem, é um esporte sem graça. Consiste em um grupo de jogadores que correm atrás de uma bola (exceto um, que fica na defesa) com o objetivo de chutá-la em direção a uma rede defendida por um jogador de luvas que deve segurá-la para impedir a sua entrada. Caso a bola consiga entrar, é ponto para o time que chutou. Durante a pontuação, uma multidão berra de forma ensandecida a decibéis bem altos. E só isso. 

O que tem de mágico isso que eu narrei. Nada. Mesmo que o futebol fosse honesto (e o futebol profissional NÃO  é), ainda continuaria a ser sem graça. Pois a lógica diz que o futebol, pelas suas características, é primário, simplório de mais para ser considerado mágico.

Mas porque para a maioria das pessoas o futebol é considerado mágico? Claro que como a maioria delas não costuma ser racional, vão achar que a minha observação está errada e que o futebol é mágico, sim. Mas se elas observarem com maior atenção, vão perceber que a minha observação está certa e mais: que elas mesmas gostam do futebol não pelas suas características, mas pela magia que está não na modalidade, mas em tudo que é construído em torno dela.

A magia na verdade está no clima festivo que gira m torno do futebol. Esse clima festivo é gerado por muita propaganda midiática, aliada a tradição social que passa de pai para filho. Essa magia do clima festivo é reforçada por alguns aspectos:

- associação do futebol com o dever cívico;
- transformação em dever social, favorecendo a sociabilização;
- oportunidade de catarse (soltar os instintos como gritar e pular);
- lazer barato e de fácil acesso;
- amplo apoio de autoridades e da mídia no usufruto do lazer futebolístico.

Estes fatores listados acima são os que dão magia ao futebol, embora a maioria não perceba. É necessário que estes fatores sejam "amarrados" ao futebol por meio de muita campanha publicitária para que a magia possa se instalar e se manter no futebol.

Por isso mesmo que a mídia, autoridades e até pessoas comuns se esforçam ao máximo para divulgar insistentemente algo que já é divulgado insistentemente, pois quanto mais falar sobre futebol, mais firme será o encaixe da prótese de magia atribuída ao futebol.

Futebol, um esporte naturalmente sem graça, praticado por atletas de baixo nível intelectual e que infelizmente tem sido instrumento de estímulo a inércia social por meio de um ciclo vicioso que faz com que a população seja submissa ao futebol ao mesmo tempo que esta mesma submissão gere muita renda aos seus organizadores e patrocinadores, estimulando ainda mais subjugação, numa bola de neve complexa que transformou uma medíocre modalidade esportiva em razão de ser de um povo sem identidade, sem valores e de pouco intelecto.

domingo, 22 de junho de 2014

A escancarada manipulação de resultados em copas

Embora a alucinada população de torcedores não queira nem imaginar esta hipótese, temendo destruir as suas ilusões, a corrupção do futebol-negócio está cada vez mais evidente. Aqueles que ainda acreditam no futebol-arte ainda vivem num mundo da lua e precisam ainda sofrer muito (na vida, não na torcida, tolos!) para amadurecer e entender tudo isso que está acontecendo.

Muitos jornalistas esportivos sérios, os que não são ligados a cartolas (há muitos que são ligados a cartolas, como vários da Rede Globo e da Band, que certamente não vão querer admitir a corrupção no futebol) estão alertando que nesta copa, haverá um festival de manipulações de resultado, com jogadores e juízes pagos para favorecerem determinadas equipes em campo. Seleções fortes estão sendo estranhamente eliminadas nesta copa. E a seleção brasileira poderá ser beneficiada por estas falcatruas, já que especuladores apostaram na vitória dos amarelos na própria copa.

"Seleção" poderá ganhar roubando nesta copa. E não será a primeira vez

Não é a primeira vez e provavelmente não será a última que o futebol mostrará seu show de desonestidade. Copas movimentam muito dinheiro e no caso do Brasil, isso é ampliado de maneira gigantesca, por dois motivos:

- Cartolas brasileiros são muito influentes na FIFA;
- Sendo o objeto de imensurável fanatismo do brasileiro, o futebol é a melhor mordaça para impedir que a população se conscientize e tente acabar com os erros de nossa sociedade, favorecendo quem lucra com esses erros.

A vitória da seleção brasileira em copas é de interesse de todos os poderosos. Sabe-se que enquanto o Brasil for o melhor em uma atividade supérflua, uma mera diversão, não incomodará outras nações. A seleção é campeã 5 vezes e em todas estas 5 vezes a sociedade brasileira se estagnou em muitos aspectos e piorou em outros. O futebol é uma ilusão, uma fuga da realidade que infelizmente é tratada como forma de redenção para a maioria dos que se assumem torcedores.

Atribuir patriotismo ao futebol reforça o favorecimento da corrupção

A confusão entre futebol e patriotismo favorece muito a corrupção no futebol, mantendo a população hipnotizada diante daquilo que ela pensa ser um dever. Transformar o futebol em dever cívico é o mesmo que transformar os lucros do futebol em uma certeza inadiável, já que todos irão dar dinheiro pelo futebol, de qualquer maneira.

Garantir a vitória da seleção brasileira nesta copa, não só satisfaz a apostadores e especuladores, como também à população, pouco interessada na qualidade de vida e que acha que é muito mais confortável fugir dos problemas através de uma ilusão, do que resolvê-los. Corruptos adoram pessoas submissas, pois sabem manipular para que elas façam de tudo para satisfazer interesses mesquinhos.

Por isso mesmo que há toda uma violenta publicidade, altamente persuasiva, estimulando as pessoas a virarem torcedores, a coisa é tanta que até mesmo quem não curte futebol em outros períodos, prefere aderir à enorme correnteza durante a copa. E a caixa registradora dos cartolas e patrocinadores (estes muitos estranhamente de origem estrangeira) vai fazendo seu barulhinho.

Caso vença esta copa, não será a primeira vez que os brasileiros vencem de maneira desonesta. Em 2002 houve indícios fortes, mas pouco comentados, de que a FIFA teria pago para que jogadores das seleções adversárias, jogassem mal para favorecer os brasileiros. Realmente os jogos foram muito estranhos, favorecendo muito mais o ataque dos brasileiros, sempre no campo dos adversários. A seleção francesa adotou a mesma "tática" na copa anterior e isso pode ter servido de inspiração para que os jogadores da pátria  do "jeitinho" também pudessem ganhar facilmente.

Futebol: uma novela com enredo pré-determinado e final feliz

O futebol, queiram ou não queiram, é como uma novela, com roteiros pré determinados. Em muitos casos, o final já é decidido antes mesmo de começar. Quem for mais atento vai perceber que os jogos da seleção brasileira se parecem muito entre si, com doses de suspense e forte emotividade nada racional. Tudo padronizado, como roteiro escrito com antecipação possa ser cumprido.

E em jogos mais importantes, há sempre o empenho de criar um final feliz para os "mocinhos" amarelados. E é aí que os cartolas e patrocinadores entram em campo para que a festa do povo mais festeiro do mundo esteja garantida e para que o show da ilusão possa sempre substituir a realidade que só é feia, cruel e difícil porque a população quer assim.

Até porque, do contrário que diz o hino tão ardorosamente cantado em copas e tão ignorado em outras situações, o brasileiro vive fugindo da luta. E nada como o futebol, sua ilusão maior, para servir de melhor fuga para que os brasileiros possam se esconder dos problemas e injustiças que só crescem a cada ano. Os corruptos gostam de brasileiros assim.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

O grave preconceito contra quem não curte futebol

Quem não aprecia o esporte mais popular do país sofre para se sociabilizar. Vistos como anormais, muitos são tratados com desprezo, mas em alguns casos não-torcedores podem ser confundidos com pessoas de mau caráter ou até com arruaceiros.

A mídia sempre ignorou quem não curte futebol. E não está sendo diferente, mesmo numa época em que nas redes sociais os avessos aos futebol começam das as caras, com críticas inteligentes ao crônico fanatismo do futebol. A mídia sempre fingiu que o futebol fosse uma unanimidade, se esquecendo da existência dos não-torcedores. Como se fosse impossível não gostar de futebol.

E do lado da mídia, as autoridades também entram na onda de ignorar os não-torcedores. Governos se empanham ao máximo para garantir a diversão de quem gosta de futebol. Mas as mesmas autoridades nada fazem para entreter quem não curte, que se sente abandonado por essas autoridades, pela mídia e pela sociedade, sobretudo amigos, e tem que se virar para se divertir e arrumar algum tipo de sossego no meio de tanta baderna. Não-torcedor é que é o verdadeiro sofredor, pois sofre por algo real e não por uma conquista fútil de realização fictícia.

E mais: graças ao episódio do jogador Daniel Alves (sabiamente escalado para a "seleção" por motivos publicitários, capitalizando em cima do caso da banana), vão pipocas muitas campanhas contra o preconceito disso e preconceito daquilo. Mas quanto ao preconceito contra quem não curte futebol, quem fará esta campanha? Quando irão lutar em prol dos direitos de quem não aprecia o futebol?

Futebol, por ser uma distração, um lazer, não pode ser imposto a quem quer que seja. Se algo não dá prazer, porque tem que se gostar? Claro que não vamos obrigar ninguém a deixar de curtir futebol (embora muita gente que não gosta finja gostar em época de copa para se sociabilizar), nem queremos isso (embora quem curte se faz de vítima bem mais do que quem não curte, mesmo com todo a atenção e o de sociedade, mídia e autoridades). Mas porque vocês nunca respeitam o nosso direito de passar bem longe do esporte mais popular do país?

Estamos esperando que alguém se lembre que nós existimos. Estamos cansados de sermos excluídos como brasileiros. Somos tão brasileiros quanto quem curte futebol. Não é porque não curtimos o futebol que temos que ser deserdados da sociedade.

Que venha alguma campanha que possa acabar com o preconceito contra quem não curte futebol. Tão cruel e danosos quanto qualquer forma de preconceito.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Desinteresse pela copa aumenta e preocupa quem lucra com ela

Desde os anos 50, que eu saiba, o futebol tem sido vendido como "dever cívico", embora não passe de uma forma de lazer. Por mais legal que pareça ser, associar uma forma de lazer a assuntos sérios como respeito à pátria soa como sinal de imaturidade. É como medir a qualidade de ensino de uma escola usando as brincadeiras de recreio como parâmetro.

Mas como crianças que estão prestes a largar a chupeta, aumenta cada vez mais o número de brasileiros que não curte futebol, embora até mesmo quem curta já perca o interesse pela copa. Afinal, a "seleção" já ganhou tantos títulos e tantos jogos que já virou rotina ver os amarelados cantando vitória. Perdeu a graça.

Mas esse crescente desinteresse pela copa está preocupando muito as autoridades, empresários e publicitários que sempre se beneficiaram da suposta unanimidade do futebol para lucrar muito dinheiro. Afinal quando se transforma algo em obrigação, consequentemente você estará obrigando alguém a pagar por esta obrigação. Trocando em miúdos: lucro mais que garantido, pois torcedores se sentem obrigados a pagar por  qualquer quinquilharia temática sobre futebol, por motivos de "dever cívico".

O fim dessa obrigação, por cancelar estes lucros garantidos, tem feito com que os envolvidos reclamem sobre a falta de interesse. Para quem é ingênuo, soa como desprezo pela nação, mas na prática é o contrário: a população percebeu que o futebol é somente um lazer, que só deve ser priorizado em tempos de prosperidade plena (uma utopia, se observarmos a situação de nossa sociedade).

Já percebe-se uma mudança na publicidade. As propagandas ufanistas ainda continuam, mas se tornam raras. Há empresas indispostas a investir em produtos da copa. Ainda existem condomínios decorando com as cores da copa, mas não é mais a maioria. Telejornais já não se transformam mais em edições extra dos programas esportivos de inicio de tarde. 

Tudo mudou? O brasileiro amadureceu? Difícil dizer, mas nota-se o começo de uma mudança de hábitos. Esperamos que o futebol passe a ser visto como uma mera diversão, válida, mas nunca urgente. Somente a baixa auto-estima pode fazer com que uma sociedade coloque uma forma de diversão como "símbolo máximo de civismo". Tolice. Futebol é muito mais legal se for tratado como uma brincadeira, pois foi para isso que ele foi criado.

Que todos que esperavam a utópica unanimidade para lucrar com o futebol que aprendam a explorar outros meios de lucro financeiro. Dói saber que as "crianças" vão deixando as suas "chupetas" e sua candura ingênua, mas é saudável vê-las se preocupando bem mais em conhecer e observar as outras coisas que estão ao seu redor. 

Pois o Brasil é grande e por ser grande, não deve ser representado por uma coisa só. Temos futebol, mas temos muito mais coisas, um gigantesco leque de diversidade que merecia mais atenção.

Se temos diversidade em tudo que existe em nosso país, porque não haver diversidade em nossa forma de divertir, através de outras modalidades esportivas e outros meios de se entreter?

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Autoridades vão continuar ignorando quem não curte futebol

Vivemos numa democracia de maioria. Essa falácia de "país de todos" é conversa para boi dormir. Uma mentira que é desmascarada com o mínimo de observação mais simples.

Mesmo com a mídia e publicidade tendo que reconhecer a "novidade" de existência dos não-torcedores (até o ano passado, pensava-se que o futebol no Brasil era uma unanimidade - e trabalhava-se com frequência se baseando nessa ideia absurda de que brasileiro e torcedor de futebol eram "sinônimos"), governos federais, estaduais e municipais prometem ignorar solenemente quem não curte futebol. 

Nenhuma medida em prol dos não-torcedores está sendo tomada e em mais uma copa será ainda no esquema "não gostou, se vire para fugir da copa!", obrigando quem não curte futebol a se virar para se divertir ou para fugir dos berros ensurdecedores de torcedores alvoroçados, loucos pela única oportunidade que a sociedade permite para "soltar seus demônios".

Em mais uma copa, os torcedores ainda serão a prioridade máxima das autoridades, pois até prova o contrário, eles são maioria e em número suficiente para colocar os políticos em seus cargos. Por isso a não necessidade de agradar essa esmagada "minoria" de não torcedores. Se os não torcedores não votarem, não farão falta. Vamos agradar a imensa maioria, pois é ele quem elege, não é mesmo?

Mas esperem um dia a humanidade se amadurecer e perder a mania de colocar as brincadeiras acima de coisas mais relevantes. Se já foi novidade a existência dessa gente conscientizada que quer mostrar que futebol não tem valor, aumenta a cada dia a quantidade de pessoas que se assumem anti-futebol. Aí, agradar torcedores, ignorando um resto, passará a ser um erro fatal que poderá tirar os políticos do poder. Pensem nisso.

Nesta copa teremos que nos virar para fugir dela. Mas nas próximas poderemos precisar de ajuda. Quem se habilita?

domingo, 11 de maio de 2014

“A Copa do Mundo contribuiu para o aumento da desigualdade na sociedade sul-africana”

Por André Antunes, no Brasil de Fato

O sindicalista local Eddie Cottle fala sobre o legado que a Copa de 2010 deixou para o país que, de acordo com ele, agiu como fiador da acumulação de capital para satisfazer a ganância da Fifa e de seus parceiros comerciais.

No início de fevereiro, jornais da grande mídia noticiaram que a Presidência da República, preocupada com a possibilidade de que ocorram protestos durante a Copa do Mundo, em junho – e com seus eventuais reflexos nas eleições de outubro – prepara uma campanha para tentar convencer a população dos benefícios da Copa para o país. Mas é pouco provável que a campanha adote como estratégia mirar-se no exemplo da África do Sul, que sediou o evento há quatro anos. Isso porque, como afirma o sindicalista sul-africano Eddie Cottle, diretor de políticas e de campanhas para a África e Oriente Médio da Internacional dos Trabalhadores da Construção e da Madeira (BWI, na sigla em inglês), ao contrário do que foi prometido antes do evento, a Copa do Mundo foi um desastre para o país africano, acarretando um rombo bilionário nos cofres públicos, superexploração de trabalhadores e aumento da desigualdade social. Nesta entrevista, Eddie fala sobre o verdadeiro legado que a Copa de 2010 deixou para os sul-africanos, tema de seu livro South Africa’s World Cup: A Legacy For Whom? (em português, Copa do Mundo da África do Sul: legado para quem?).

Brasil de Fato – O termo “legado” é usado frequentemente para justificar os altos investimentos em infraestrutura nas cidades-sede da Copa do Mundo. Qual foi o legado da Copa de 2010 para a África do Sul?

Eddie Cottle – Quando o termo ‘legado’ é usado pelos Comitês das Propostas, Fifa, Comitês Organizadores Locais, autoridades governamentais e think tanks econômicos tradicionais, presume- se ser inteiramente positivo, como se os benefícios do crescimento econômico e da reordenação urbana fluíssem naturalmente para as comunidades. São mentiras deslavadas, envoltas numa retórica de desenvolvimento.

O documento da proposta da África do Sul para sediar a Copa, um documento secreto financiado por multinacionais com interesse direto nos jogos, continha cálculos falhos com base em guess-estimates [numa tradução livre, estimativas baseadas em adivinhação], que não conseguem contabilizar aumentos de custos e muito menos as receitas para o Estado e para a sociedade.

A estimativa de custo inicial foi calculada em 2,3 bilhões de randes [moeda sul-africana] a serem pagos pelo governo sul-africano, em grande parte para financiar os estádios e infraestrutura necessária. Ao mesmo tempo, projetou-se que a África do Sul iria ter um adicional de 7,2 bilhões de grandes em receitas tributárias relacionadas ao evento. No entanto, em 2010 estimou-se que o custo (e é provável que seja muito mais elevado) para o governo da África do Sul foi de 39,3 bilhões de randes – um aumento de 1.709% em relação à estimativa original, uma enorme perda financeira para o país.

Após a Copa, houve silêncio total sobre as receitas fiscais do governo. A exceção foi a afirmação feita pela South African Revenue Services [a Receita Federal sul-africana] de que a Copa do Mundo nunca foi pensada como uma forma de angariar receitas. O governo sul-africano agiu como fiador da acumulação de capital para satisfazer a ganância da Fifa e seus parceiros comerciais. No fim das contas, a Fifa saiu com um lucro de 3,4 bilhões de dólares, livre de impostos, o maior da história da Copa do Mundo. Sediar a Copa do Mundo foi uma enorme perda financeira para a África do Sul.

E para as construtoras envolvidas nas obras da Copa?

Apesar da crise econômica mundial de 2008-2009, as cinco maiores empresas de construção da África do Sul se beneficiaram bastante com os projetos de infraestrutura da Copa do Mundo e tiveram um lucro médio de 100% de 2005 a 2009, depois de sofrerem perdas substanciais até 2004. A remuneração de CEOs [diretor-executivo de uma empresa ou instituição], em média, subiu mais de 200% desde 2004. A brecha salarial no setor da construção incrementou-se de 166 em 2004 para 285 em 2009. Os números mostram quantos anos um trabalhador teria que trabalhar para receber o que um CEO leva para casa num ano, em média. A Copa do Mundo contribuiu para o aumento da desigualdade na sociedade sul-africana.

Que impacto o evento teve na geração de empregos no país?

Com uma taxa de desemprego oficial de 24%, um grande exército de reserva de mão de obra (incluindo desempregados, informais, trabalhadores autônomos e migrantes) foi absorvido pelo mercado de trabalho para a produção do espetáculo esportivo e foram demitidos às vésperas do evento, contribuindo para a perda de 627 mil postos de trabalho na economia como um todo.

No setor da construção,foram contratados 1,117 milhões de trabalhadores nos setores formal e informal em 2009; 1,006 milhões estavam empregados quando começou a Copa do Mundo na África do Sul, uma perda de 110 mil empregos na construção, no período. No quarto trimestre de 2009, a taxa oficial de desemprego era de 24,3%, e em junho de 2010, tinha atingido 25,2%.

Já no setor de turismo e indústrias correlatas, houve um crescimento na contribuição para o Produto Interno Bruto nos períodos antes e depois da Copa do Mundo, passando de 67,14 milhões de randes em 2008 para 84,3 milhões de randes em 2011. Mas se compararmos o número de empregados diretamente no setor de turismo antes da Copa do Mundo, em 2008, que foi de 606.934 trabalhadores, com os três anos imediatamente anterior (2009), durante (2010) e após a Copa do Mundo (2011), vemos que o emprego foi na realidade mais baixo, apesar do aumento nos investimentos, mesmo durante o mês em que a Copa do Mundo aconteceu. Havia 52.944 trabalhadores a menos em 2009, 39.556 a menos em 2010 e 8.502 trabalhadores a menos empregados no setor turismo em 2011 do que havia em 2008. Ou seja, o efeito multiplicador de emprego projetado pela Grant Thornton (um think tank econômico internacional) desmoronou, porque, em vez de um aumento do emprego através de maiores investimentos, o que houve foi uma diminuição no emprego direto.

O que isso sugere é que houve um aumento da taxa de exploração dos trabalhadores empregados nas indústrias do turismo e afins, que tiveram que trabalhar mais horas ou a um ritmo de trabalho maior – ou ambos – num contexto de aumento do fluxo de turistas para a África do Sul durante a Copa.

A Copa do Mundo na verdade é um eufemismo para o que eu tenho chamado de “complexo de acumulação esportiva da Fifa”, que encabeça a exploração das nações anfitriãs e seus trabalhadores. A Fifa dirige uma classe comercial globalizada que coloca pressões significativas sobre os produtores, que por sua vez se dedicam à repressão salarial agressiva dos trabalhadores. Na África do Sul, por exemplo, Zakumi, o mascote da Copa, foi produzido por trabalhadores chineses trabalhando em turnos de 13 horas, que receberam apenas 3 dólares por dia.

No Brasil, tivemos várias greves durante a construção de estádios para a Copa do Mundo. Isso se deu também na África do Sul?

A primeira greve registrada em uma construção da Copa do Mundo começou no Estádio Green Point, em 27 de agosto de 2007, iniciando uma onda de greves que resultou em acordos com os empregadores por todo o país. Em 8 de julho de 2009, 70 mil trabalhadores da construção civil fizeram uma greve nacional por uma semana, e isso foi sem precedentes e significativo em vários aspectos. Não só foi esta a primeira greve nacional de trabalhadores da construção civil nas obras da Copa do Mundo mas também houve uma unidade apresentada pelos trabalhadores e sindicatos em um setor composto por vários sindicatos concorrentes de três federações com bases ideológicas diferentes. Os sindicatos recrutaram 27.731 trabalhadores no período, aumentando a sindicalização em 39,4 % de 2006 para 2009.

No Brasil, de fevereiro de 2011 a abril de 2013, 25 greves foram identificadas, envolvendo cerca de 30 mil trabalhadores nos estádios da Copa do Mundo. No geral, a onda de greves foi um sucesso, uma vez que conquistou a melhoria de salários e condições de trabalho para trabalhadores da construção civil do Brasil e reforçou a confiança sindical. As conquistas, variando um pouco em diferentes locais, incluíram um aumento de 30% a 70% no vale-refeição, aumento no pagamento de horas extras entre 60% e 85% nos dias de semana e 100% nos finais de semana, subsídios de transporte, seguro de saúde e bônus. Estas greves não só foram localizadas nas obras da Copa do Mundo, mas também se espalharam para o resto do setor da construção. Em 2012, estima-se que mais de 500 mil trabalhadores entraram em greve por melhores condições de trabalho nos canteiros de obras em nível nacional.

Mas devido ao atraso nos projetos da Copa do Mundo, as empreiteiras estão pressionando os trabalhadores cada vez mais para acelerarem a produção e a entrega dos projetos. Já aconteceram vários acidentes fatais [Foram sete no total: duas mortes em São Paulo, uma em Brasília e quatro em Manaus]. O aumento da taxa de exploração através do aumento do ritmo de trabalho, acordos de horas extras e produtividade, significa que os trabalhadores terão que cumprir ainda com os prazos para entrega da infraestrutura e não receberão a remuneração completa porque, na prática, haverá uma redução no período de emprego. Enquanto isso, as empreiteiras colherão os megalucros do valor total do projeto a preços inflados, apesar de o período de produção da infraestrutura da Copa ser mais curto. No Brasil, como na África do Sul, o efeito multiplicador simplesmente falha na transformação do investimento feito em empregos criados e a redistribuição da renda, porque o enorme superávit de fundos públicos é absorvido pela destrutiva acumulação privada.

Qual é a situação atual dos estádios que foram construídos para a Copa do Mundo da África do Sul?

Como previsto, nenhum dos estádios da Copa do Mundo é autossustentável, o que significou um aumento nos impostos municipais e mais recursos do orçamento nacional foram solicitados pelos administradores dos estádios para gerenciá-los. Com isso há menos recursos disponíveis para a área social. Este é um problema sério que o Brasil vai ter de enfrentar em breve. Esse problema tem sido discutido muito na mídia e no parlamento, mas a questão da demolição de alguns dos estádios foi evitada, uma vez que seria um grande constrangimento político para o Congresso Nacional Africano, o partido no poder na África do Sul.

O governo sul-africano chegou a abrir uma investigação sobre a formação de cartéis de empresas de construção envolvidas nas obras da Copa de 2010. Qual foi o resultado dessas investigações?

Há muitas evidências de que o setor da construção está propenso a formar cartéis. O relatório de 2008 do Comitê de Concorrência da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) sobre o setor da construção chegou a essa conclusão. Entre os 19 países incluídos nesta mesa-redonda da OCDE, a África do Sul apresentou o seu relatório sobre os enormes aumentos dos estádios da Copa do Mundo de 2010, sendo que, na época, havia suspeitas de licitações fraudulentas. Em 17 de julho de 2013, no tribunal da Comissão de Concorrência da África do Sul foi apresentada uma estimativa conservadora de que as empresas de construção obtiveram “lucros indevidos” de 476 milhões de dólares com as obras para a Copa do Mundo de 2010 e outros projetos. Elas foram consequentemente multadas num total de 152 milhões de dólares. As empresas de construção que não concordaram com o acordo agora correm risco de serem processadas.

E pelo que você vem acompanhando no Brasil, há base para se abrir uma investigação sobre a formação de cartéis de construtoras para as obras da Copa 2014?

Um claro indicador de atividade de cartel são os enormes aumentos de custos em relação às estimativas originais. A fonte mais confiável para as estimativas de custos originais de cada um dos estádios é o documento da candidatura do Brasil, que não é tornado público. No entanto, uma vez que o documento da candidatura foi submetido à Fifa até 31 de julho de 2007 e a Fifa realizou sua visita de inspeção em 23 de agosto de 2007, é razoável supor que o valor de 1,1 bilhão dólares para todos os estádios que está neste relatório reflete os números originais do documento de candidatura. O relatório de inspeção da Fifa de 2007, portanto, subestimou bastante o custo para os estádios da Copa do Mundo no Brasil, que aumentou 327% até 2013, atingindo 3,6 bilhões de dólares. O custo dos estádios de Brasília e do Rio de Janeiro mais do que duplicou desde 2010 e totalizam 1,3 bilhões de dólares. Só esses dois estádios, portanto, custam mais do que a estimativa original para todos os estádios. Ao ritmo atual de aumentos dos custos, é provável que a Copa do Mundo do Brasil seja a mais cara da história. Há motivos suficientes para o governo brasileiro abrir uma investigação completa sobre as operações de um cartel de construção: o Relatório do Comitê de Concorrência da OCDE, a evidência do Relatório da Comissão de Concorrência da África do Sul, especialmente em relação à Copa do Mundo da Fifa 2010, e a dramática escalada de custos dos estádios no Brasil quando comparados com o Relatório da Equipe Inspeção da Fifa em 2007.

Na sua análise, que mudanças precisam ser feitas para que a preparação para grandes eventos como a Copa do Mundo não implique os problemas que foram registrados na África do Sul e agora no Brasil?

A Copa do Mundo é o principal motor de um complexo de acumulação capitalista no esporte. Todos os principais problemas observados na preparação são resultados diretos da privatização do jogo. Qualquer mudança real só pode vir através de uma plataforma para desenvolver um modelo público ou de nacionalização do jogo a longo prazo. No curto prazo, a sociedade civil tem de fazer alianças e garantir que os trabalhadores estejam na liderança dessas lutas, pois são eles que têm sua força de trabalho explorada e suportam o peso de condições precárias e inseguras de trabalho. As lutas atuais dos brasileiros são muito bem-vindas, mas exigem níveis mais profundos de coordenação, incluindo a expansão das formas de resistência para incluir boicotes de determinados produtos ou até mesmo de jogos sempre que possível.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Só os jogadores de futebol merecem ser protegidos de manifestações de racismo?

Uma gigantesca campanha contra o racismo no futebol tem sido feita. Nada mais justo, pois por mais cretinos que sejam os jogadores, nunca se deve usar a etnia para justificar isso. Até porque jogadores de qualquer raça são cretinos do mesmo jeito. E fora do futebol, muitos negros, índios e mestiços (olha eu aí - eu sou mestiço!) tem contribuído e muito para colocar inteligência em nossa sociedade.

Mas porque só no futebol, as campanhas anti-racismo tem uma adesão tão grande da sociedade? A intenção na verdade é defender os n~]ao-brancos ou é mesmo defender os jogadores de futebol? Do jeito que a campanha está sendo feita, a impressão é que a segunda alternativa que está correta, pois não se vê algo com a mesma intensidade em outras manifestações não só anti-racismo, mas anti-preconceito.

E a campanha contra o preconceito contra quem não curte futebol? Alguém já parou para pensar que quem assume que detesta futebol esbarra em limites sociais? Que não somente é obrigado a aguentar berros de multidões bem do lado de suas residências como corre o risco de perder empregos, demitidos por chefes ignorantes que acham que gostar de futebol é "saber trabalhar em equipe"? Contra esse tipo de preconceito ninguém até agora teve a iniciativa de lutar.

Não defendo que jogadores de futebol sofram preconceitos. Eu já falei no início desta postagem que a vulgaridade e a futilidade dos jogadores nada tem a ver com suas etnias. Mas é evidente que todo o foco das campanhas anti-preconceito está sendo direcionada a eles, como se somente eles, tidos como "heróis máximos da humanidade" só porque chutam uma bolinha, tenham direito a esse respeito.

Como se eles ganhassem um tipo de "imunidade parlamentar" por causa da suposta autoridade que lhes é atribuída por terem zilhões de "súditos" alienados que pensam que o futebol melhora as vidas de seus admiradores. Não é, pois jogadores são tão úteis à sociedade quanto palhaços de circo. E essa declaração nunca é preconceituosa, se prestarmos atenção ao caráter exclusivamente lúdico do futebol. Até porque a função deles é somente divertir. 

Somos contra qualquer tipo de preconceito. Não vamos usar a etnia para criticar jogadores. Talvez a péssima escolaridade que possuem mereça ser criticada, mas junto com o estimulo à escolarização. Que jogadores possam estudar e se lembrar de que, sendo excessivamente influentes para a sociedade, tem a obrigação de estimular o intelecto, mesmo que isso nada tenha a ver coma profissão que atuam. Ser influente acrescenta novas responsabilidades que possam ser úteis à humanidade, não é, Neymar?

E lembremos dos não-brancos também fora do futebol. Conheço inclusive negros que detestam futebol e que, mesmo apoiando esta campanha, se sentem um pouco abandonados pelo foco que é direcionado apenas aos jogadores. Os não-brancos fora do futebol também merecem ser respeitados. Talvez ainda mais que os lúdicos jogadores, pois muitos estão em setores ainda mais úteis da sociedade.

E que o preconceito contra quem não curte futebol possa ser lembrado. Pois condenar o racismo no futebol e manter o preconceito contra quem não curte futebol, através do desprezo, xingamento e até medidas violentas como agressão física e demissões injustas, é certamente uma contradição que anula qualquer campanha anti-racista. Alguém que se declara anti-racista mas pratica outros tipos de preconceito, certamente anula qualquer tipo de militância. Certamente deve estar mentindo.

domingo, 27 de abril de 2014

Postagens anti-futebol no Facebook fazem publicitários moderarem em propagandas futebolísticas

Nos anos das copas anteriores, era muito comum nos primeiros seis meses a TV ser invadida por uma avalanche de propagandas onde o futebol era o principal assunto, mesmo que o produto a ser vendido nada tenha a ver com a famosa modalidade esportiva. Era um pesadelo ligar a TV para quem não curte futebol: uma overdose de irritar o mais tranquilo dos monges.

Mas este ano, nota-se que o intervalo televisivo se tornou mais equilibrado. Ainda há propagandas que mencionam o futebol, de maneira bem fanática e persuasiva. Mas elas se tornaram minoria nos intervalos. Os publicitários preferiram moderar na persuasão futebolística dos anos de copa. O que houve para que os publicitários freassem na sua capacidade de alienar a população?

Quem não usa internet deve ter estranhado, pois desconhece o possível motivo que fez com que as propagandas pró-copa se minguassem. Mas quem usa internet, sobretudo quem lê blogues e frequenta redes sociais, percebeu o motivo dessa contenção publicitária.

A internet se mostrou o único meio de comunicação realmente democrático que existe. Aqui, pessoas como eu e você podem escrever sobre o que pensa, sem esperar que aquele jornalista ou celebridade fale a ideia que só você defende, algo que na verdade nunca acontece, principalmente na TV aberta.

E é justamente na internet que estão aparecendo debates e textos que tentam devolver o caráter puramente lúdico ao futebol, difundido na grande mídia durante muitas décadas como se fosse um dever cívico, algo que nada tem a ver com a modalidade esportiva.

A publicidade sempre defendeu esse ponto de vista equivocado por acreditar que transformando em "dever cívico", estariam obrigando a população a comprar os produtos relacionados com o futebol, transformando a modalidade em fonte garantida de lucro. Uma grande galinha dos ovos de ouro cuja importância deveria, segundo os publicitários, ser aumentada sem qualquer tipo  de limitação.

Mas o plano deles caiu por terra, graças a descoberta de que o Brasil, além de possuir uma grande número de pessoas que não curtem futebol, esse número cresce cada vez mais, para a surpresa dos que dependem dos lucros futebolísticos.

E a campanha doentia que tenta insistir com a associação entre futebol e patriotismo, parece repelir cada vez mais as pessoas, pois além da associação entre uma forma de lazer e civismo ser evidentemente ridícula, toda a campanha feita para promover essa associação é ainda mais patética e surreal, transformando meros divertidores em "heróis da pátria". Como se a vitória da "seleção" pudesse trazer dignidade para o país (o que fatos reais provam justamente ser o oposto).

Com medo de estar se agarrando a algo claramente ridículo, os publicitários optaram por moderar suas propagandas pró-copa.  Ainda não há campanha pedindo respeito a quem não curte futebol. Mas só em eliminar a avalanche chata das propagandas futebolísticas já é um bom avanço. Sinal de que o Brasil demonstra sinais de que um dia irá acordar.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Futebol: bem sucedido instrumento de manipulação ideológica

Embora seus defensores batam o pé dizendo que futebol nada tem a ver com alienação, infelizmente temos que discordar, pois os fatos mostram que futebol, não o esporte em si, mas a campanha feita em torno dele, tem e muito a ver com alienação e manipulação das mentes brasileiras.

E não precisa muito esforço para concordar com isso. Basta assistirmos a TV e observarmos com frieza e objetividade, a maneira como o futebol é apresentado na TV, de maneira insistente, repetitiva e forçadamante associado a valores evoluídos, ando a falsa inpressão que futebol ajuda a evoluir a sociedade.

Mas se prestarmos atenção, o futebol nada tem de importante. Toda a importância atribuída a ele é postiça, embutida pelos maios de comunicação e consagrada pelas regras de convívio social. Pelas suas características, o futebol é o entretenimento puro. Uma correria em um gramado com o objetivo de enfiar uma bolinha em uma rede, fazendo uma multidão gritar. O que isso tem de evoluído?

Como eu falei, não é o futebol que aliena, mas a tentativa forçada de fazê-lo ser melhor do que é, de associar a valores morais e intelectuais, de tentar impor uma unanimidade que não faz parte de um esporte que, por incrível que pareça, é um dos mais monótonos e simplórios do mundo, servindo apenas como oportunidade para muitas pessoas poderem gritar sem que isso seja visto como uma gafe. 

Mas como satisfaz os instintos primitivos das pessoas, nessa permissividade à gritaria, o futebol acaba atraindo muita gente, servindo para autoridades e empresários como forma de dominação e de fonte de renda inadiáveis, o que faz com que estes estimulem ainda mais a suposta unanimidade, já que é muito bom ver multidões e multidões investindo grandes quantias de dinheiro para chegar aos bolsos dos poderosos. 

Por isso que a publicidade não vai se cansar de empurrar o futebol, a maior galinha dos ovos de ouro do Brasil, para que as massas adiem qualquer coisa em nome de um simples ato de chutar uma bolinha em uma rede.

A experiência mostra que futebol é inútil para a evolução do país. Ou se esqueceram que o fato da "seleção" ser pentacampeã e a única a estar em todas as copas em nada ajudou a melhorar as condições de nosso cotidiano? Ora, lazer é lazer apenas. Mera distração a passar o tempo ocioso.

Vini Jr, Racismo e a hipocrisia da Classe Média brasileira

O assunto desta segunda feira com certeza foi o inaceitável caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Júnior, o Vini, durante um jogo de...