Vini sensatamente reagiu aos xingamentos, que pioraram com a reação. Mas a organização do jogo achou melhor expulsar o jogador, o que causou uma revolta nos admiradores do jogador. Nós deste blog concordamos que Vini não deveria ser expulso e sim os torcedores nazistas baderneiros. Vini estava apenas respondendo às ofensas recebidas, direito legítimo dele.
Mas por outro lado, o episódio serviu de um verdadeiro show de hipocrisia nas redes sociais brasileiras e nos portais progressistas brasileiros. Muita gente usou o episódio para posar de gente responsável. Sim, é isso mesmo. A classe média muito bem remunerada, imune a preconceitos e normalmente gananciosa e envaidecida em muitos momentos na vida.
Os mesmos indivíduos capazes de agredir um negro pedinte e que fazem questão de comprar automóvel para evitar transportes públicos para evitar se encostarem em pessoas de cor, manifestaram sua "indignação " com o caso do jogador brasileiro, ocorrido na Espanha.
Essa gente esbranquiçada que faz questão de declarar seu apoio ao jogador Vini, pela grave ofensa recebida, deixou bem escancarada a sua hipocrisia. tanto é que as manifestações foram bastante exageradas e de uma pieguice sem tamanho.
Ficou parecendo a defesa não de um ser humano, mas de um parente ou amigo íntimo. Como se o fato de Vini ser negro fosse um detalhe. Afinal, Vini era jogador de futebol, um herói para habitantes que enxergam nesta modalidade esportiva, a sua única forma de manifestar amor à pátria.
Será que o fato de Vini ser jogador de futebol, além de rico e famoso, pesou nas histéricas manifestações nas redes sociais? Possivelmente que sim. Vini não é um coitadinho. Não é um pobretão mal vestido. É um herói do futebol, um guerreiro. As esquerdas logo se apressaram em classificá-lo como o "Malcolm X" brasileiro.
Elogios à reação do jogador, apesar de justas, foram bastante exageradas. Típicas de quem não se indigna de fato com o racismo. Nossa classe média é racista. Acha que negros são "ridículos, grotescos e ignorantes", mas relacionam estes supostos defeitos a uma espécie de "pureza", "candura".
Apesar de discordarem com o fato de Vini ser chamado de "macaco", é isso justamente o que a classe média pensa dos negros, "macaquinhos de realejo" que só servem para jogar futebol e animar churrascada. Pobres e principalmente negros, só servem para fazer a classe média branquela sorrir. Afinal, Vini é jogador de futebol, "está em seu habitat natural".
Fico perguntando se Vini fosse um advogado, um médico, ou um empresário, se a indignação teria a mesma intensidade. Pois a mesma classe média que em entrevistas de emprego, certamente diria não para um candidato de cor, mesmo que ele fosse um profissional melhor que os brancos que se candidatassem para a mesma vaga, demonstrou revolta com o racismo contra Vini, um negro muito bem remunerado para correr atrás de uma bolinha.
O que se sabe é que infelizmente, não foi o primeiro e nem será o último caso de racismo no futebol e também em qualquer outro lugar. Racismo não se resolve com lacração pela internet e sim por um trabalho intenso e longo de educação que deve se iniciar já no berço. Estimular pessoas a respeitar as diferenças, pois a diversidade de etnias é algo bom, tira a monotonia.
Bom lembrar que o racismo surgiu como forma de eliminar concorrentes na corrida capitalista pela sobrevivência. Era preciso inventar certos defeitos para que os portadores deste suposto defeito fossem eliminados na busca de uma inserção no mercado de trabalho.
Fica aqui nosso respeito ao Vini, mas lamentando que o caso não irá além disto. Brasileiros se esquecem rápido e as manifestações de solidariedade podem não ter passado de mero modismo. Daqui a pouco, as mesmas pessoas estarão ofendendo algum negro na rua, só porque não estão dispostas a abrir mão de seus supérfluos privilégios para que os pobres de cor tenham o mínimo necessário.
Há realmente muita coisa a fazer para que o racismo acabe neste mundo. E vai demorar muito tempo.