quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Futebol foi criado para ser APENAS uma forma de diversão

Os torcedores vivem reagindo mal às críticas que recebem pelo seu fanatismo acusando os que não curtem de querer eliminar o futebol da face da Terra. Longe disso! O futebol nada tem de errado por si só. O erro está no complexo mundo encantado construído em torno dele, o que faz do futebol ser algo infinitamente melhor do que realmente é.

O problema do futebol é que ele, no Brasil, não é visto como uma distração. É visto como um dever. São Paulo e Rio chegam a dividir a sociedade baseando nos times mais bem sucedidos de seus estados. Pessoas chegam a adiar compromissos sérios por causa de futebol. Brigas e mais brigas acontecem porque torcedores defendem seus times como se fossem a própria vida. Além do péssimo costume de colocar futebol em assuntos alheios a esta modalidade esportiva.

Vendo isso até parece que não estamos falando de uma forma de lazer e sim de um compromisso cívico imposto pelo Governo Federal. Não! É justamente do futebol que estamos falando. Os brasileiros foram "educados" a tratar o futebol como símbolo cívico e como elemento de confraternização social. Gostar de futebol, para muitos é "saber conviver com brasileiros e respeitar a humanidade". Só meio pomposo e inútil, mas é o que acontece. Mas foi para isso que o futebol foi criado? Certamente que não.

Desde que João Havelange entrou para a cúpula da FIFA, na década de 50, um imenso trabalho publicitário tem feito para transformar o futebol em uma mania. Isso foi se consagrando com o tempo e passado por muita gerações até hoje. 

A época em que o futebol era apenas uma forma de lazer, de tão remota, acabou sendo esquecida. É meio difícil imaginar hoje dois brasileiros no seguinte diálogo:
- Hoje estou de folga e nada tenho para fazer. Que tal irmos ao estádio assistir a um joguinho.
- Boa, vamos lá!

Um diálogo omo esse, que se assemelha a uma pessoa convidando outra para ir ao cinema... Ah, como seria sadio. Mas não! Quando as pessoas decidem assistir a jogos de futebol, seja em estádios ou diante de aparelhos de TV, é como se fosse para ir votar nas eleições ou tirar a certeira de identidade. Um compromisso, uma obrigação inadiável.

Mas toda essa superestimação do futebol é postiça, estimulada e consagrada pela mídia, cujos donos e patrocinadores ganham muito dinheiro com o fanatismo futebolístico e por isso nunca desistem de estimulá-lo. A meta de qualquer meio de comunicação é hipnotizar a sociedade para que ela considere o futebol uma prioridade e favoreça a geração desta farta renda aos barões da mídia.

Está muito longe o dia em que o futebol retomará a sua vocação natural de mero lazer. Até agora continua sendo um dever cívico-social. Mas muitos danos serão causados pela tentativa de desviar o futebol de sua vocação original. Os brasileiros que esperam que o futebol nos traga orgulho e dignidade podem continuar esperando. Até nunca. Futebol nunca foi feito para trazer orgulho ou dignidade.

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