quarta-feira, 6 de julho de 2016

Antes do esporte, ensine as crianças os danos da competitividade

A caridade praticada pelas instituições que se responsabilizam de cuidar de pessoas carentes se utiliza muito do esporte, sob a justificativa que facilita a sociabilização e ocupa o tempo dos jovens, supostamente desviando de más atitudes e maus pensamentos. 

É meio controverso falar sobre usar o esporte para desviar os jovens do erro pois há outros meios de ocupar o tempo das crianças com atividades intelectualmente mais úteis e menos competitivas. Mas é preciso "educar" as crianças para se submeterem as rígidas, exigentes e excludentes regras impostas pelas classes dominantes. Pobres inteligentes e autônomos incomodam as elites. Fazer o quê?

Seria ideal que apenas as atividades físicas fossem ensinadas. Exercícios são muito bons para a saúde. Mas as instituições não conseguem ensinar atividade física sem a prática de esportes. E esportes são competitivos. E através do esporte, aprendemos o falso lado positivo da competitividade, o que se mostra muito perigoso para mentes em desenvolvimento.

Ensinar que competir é bom significa a mesma coisa que ensinar que a felicidade só está reservada a própria pessoa e que não é errado deixar a outra se ferrar. Competir, bom observar com atenção, significa impedir o outro a atingir o bem estar e ensinar a competitividade como algo positivo tem feito muitos estragos por muitos anos em nossa sociedade.

Embora os esportes mais populares do Brasil e os mais ensinados em aulas nessas instituições sejam coletivos, o que dá a ilusão de união, não vamos esquecer que se trata de uma equipe que irá ferrar com a outra equipe. O que é até pior, pois ensina os jovens a criar grupos que destruirão o bem estar de outros grupos ou até de indivíduos.

O que me deixa perplexo é que ninguém - eu disse NINGUÉM - até agora demonstrou a preocupação na utilização do esporte como forma de legitimar a competitividade. Parece que virou natural ensinar jovens a arruinar com a vida alheia, como se isso fizesse parte das relações humanas consideradas saudáveis.

Não existe nenhuma campanha de conscientização sobre isso. Como se o esporte só tivesse seu lado bom. As pessoas jogam seus filhos lá e que se faça o resto. O esporte em si é arraigado como um dos valores que a sociedade considera positivos. Então suas características são também positivas, incluindo a competitividade. Por isso que muita gente está tranquila em viver em um mundo injusto, cujos problemas se perpetuam porque beneficiam os "predadores" que venceram a competição pela vida.

Se continuarmos desprezando o lado ruim do esporte, que é a competitividade, a injustiça será perene e muita gente vai continuar sofrendo só porque acharam linda a ideia de que o bem estar e direitos importantes devem estar não com todos, mas com um pequeno punhado de "vencedores" na cruel luta pela vida. Aquela que acha lindo arruinar com a vida alheia.

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