No Brasil, o esporte em si é considerado um valor positivo. Para a maioria das pessoas, não há erros, problemas e crueldade no esporte. E fácil tudo ser considerado bom e alegre quando visto de fora e à distância.
Mas tem que haver algo de ruim e danoso em algo que glorifica a competitividade, impõe padrões de beleza e obriga seus praticantes a superarem seus limites lançando mão de muita tortura psicológica e até física. Sobre este último vamos falar agora.
Quando um jovem atleta se propõe a uma carreira, ele deve ter o apoio e a coordenação de um tutor, geralmente um treinador, além de ter um patrocinador para financeira as atividades a serem feitas para preparar o jovem para competir no esporte.
Por haver investimento e interesse, há muita pressão sobre o jovem atleta que é obrigado de forma bastante cruel a apresentar resultados positivos de sua atuação: o famoso "vencer ou vencer". Como o esporte é algo considerado positivo do lado de fora das quadras, ninguém imagina que dentro ocorre manifestações de sadismo por parte de patrocinadores e treinadores que querem a todo o custo ver o seu atleta como um campeão.
Não sã raros os casos em que atletas, após derrotas, serem massacrados, no mínimo psicologicamente - embora agressões físicas não sejam raras - por não ter alcançado pelo menos o resultado esperado. Treinadores e patrocinadores são lideranças e em países cuja educação é falha, lideranças são "educadas" para serem autoritárias, sádicas e exploradoras.
A crueldade não raramente atinge níveis fascistas (há inclusive assédio moral e até mesmo abusos sexuais), transformando o jovem atleta em um ser sem opinião própria cuja razão de existir é a luta para conquistar medalhas e títulos. Conquistas que na verdade servem mais para justificar o investimento feito por empresas interessadas em criar uma imagem positiva da competitividade. Se é "bonito" fazer os outros se ferrarem nas quadras e pistas, deve ser "bonito" também ferrar com os outros na luta pela sobrevivência.
São muitos os casos de exploração de atletas por parte de treinadores e patrocinadores. Não temos nenhum caso confirmado para esta Olimpíada, mas sabe-se que isso é muito mais comum do que se pode imaginar. No passado aconteceram muitos casos, vários indo para o tribunal. Treinadores e empresas patrocinadores com a reputação arranhada por serem denunciados por exploração cruel de seus atletas tutelados.
Gostaria muito de poder dizer que isto não existe mais. Mas não posso. Em um mundo onde estamos desaprendendo a amar, em que somos mais consumistas e interesseiros e onde xingamos e violentamos quem discorda de uma única opinião nossa, é impossível imaginar que dentre quatro paredes de uma quadra as coisas aconteçam às mil maravilhas, nas mais santa harmonia.
Casos de exploração de jovens atletas ocorrem e vão continuar ocorrendo enquanto treinadores e patrocinadores não aprenderem que a humildade e a democracia são essenciais para que o jovem aprenda a ter auto-estima e lute por uma conquista com mais espontaneidade e vontade. Hoje, atletas são meros servos do interesse alheio e agem como verdadeiros escravos, não raramente chorando quando vencem ou perdem.
O choro dos atletas tem um significado muito maior do que parece ser. E não tem nada a ver com amor a pátria, ao povo e ao esporte. É um choro por si mesmo, pela vontade de querer ser gente, com capacidade de decidir e vencer por si mesmo. E não para lideranças gananciosas e autoritárias.
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