quinta-feira, 7 de junho de 2018

O preconceito que as esquerdas não querem combater

Eu sou esquerdista, embora concorde que esquerdistas merecem críticas. Seres humanos sempre erram é críticas, quando respeitosas, servem para alertar sobre o ponto que deve ser corrigido. Mas a ideologia progressista, consagrada pelo nome de "esquerda" é boa, exigindo o fim das desigualdades e a resolução de problemas de forma mais efetiva, barata a rápida.

As esquerdas vem lutando bastante pelo fim das desigualdades e tem tido um atuação exemplar em prol do bem estar dos socialmente excluídos, defendendo o direito de todo e qualquer ser humano de ser feliz e ter qualidade de vida. Mas há uma causa que as esquerdas se esquecem de aderir: a defesa das pessoas que não curtem futebol.

Em um país que trata o futebol como "dever cívico", é natural forjar uma suposta unanimidade, transformando o hobby em obrigação social. Isso dá uma origem a um preconceito que marginaliza aqueles que não estão dispostos a ficar 90 minutos olhando para uma bolinha rolando em cima de uma grama. 

A transformação em obrigação fez com que muita gente aderisse na marra, tendo o surreal fato de muitos torcedores que não entendem de futebol, mais preocupados em cumprir um ritual social do que realmente assistir a uma partida esportiva. Todos sabem que aquele que fugir do tal ritual perde importantes direitos somente adquiridos com o adequado convívio social.

Mas sempre há os que, como eu, se recusam a cumprir este tipo de obrigação. Sei que sofro muitos preconceitos e já fiz várias inimizades somente por causa da minha recusa a aderir a histeria futebolística. 

Se as esquerdas acham que ninguém deve ser obrigado a nada e que gostos devem ser respeitados, porque não lutar em prol do direito de não gostar de futebol? Ao ver sites e vídeos de esquerda, fica a impressão de que ou eles acham que 100% dos brasileiros gostam de futebol, ignorando que futebol não é uma unanimidade, ou concordam com a imposição de transformar o futebol em obrigação.

Eu gostaria muito que as esquerdas acrescentassem a defesa dos não torcedores, pessoas que em tempos de copa se situam nos mais tristes solidão e tédio, sugerindo maneiras de incluir não-torcedores no convívio social. Criar uma campanha pelo direito de não curtir futebol e pelo respeito aos que não curtem futebol já seria um bom começo.

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