As grandes corporações patrocinaram o golpe. As mesmas grandes corporações patrocinam a copa. Nada mais coerente que as corporações desejem que todos os brasileiros esqueçam tudo em prol da abstrata alegria do futebol. Até porque copa é quando as grandes corporações mais ganham dinheiro, a ser depositado secretamente em longínquos paraísos fiscais.
Para representar a plutocracia que lucra com a copa, foi escalado o corsário que finge ser o presidente do Brasil, o golpista Michel Temer, para implorar a população para que esqueça os problemas e torça pela vitória da "seleção" na copa. Só no Brasil para o sucesso no futebol ser tratado como um assunto de estado. Como se a vitória no futebol pudesse compensar as maldades de ter que eliminar direitos e soberania de um povo.
O curioso é que, segundo rumores, Michel Temer não gosta de futebol. A própria mensagem publicada por ele é cheia de clichês. Esse negócio de "200 milhões de torcedores" e a tradicional confusão entre "seleção" e "país", já surradas durante muitas décadas pela mídia corporativa e reverberadas como eco pela mídia alternativa. O comentário atribuído a Temer é típico de quem não tem a menor intimidade com o assunto. Nem para falar contra.
Mas como ele fala em nome dos patrocinadores da copa - que patrocinaram o golpe - e há o interesse em usar o futebol como cortina de fumaça a esconder as maldades que Temer ainda fará enquanto o povo estiver anestesiado com o rolar da bola no campo, la veio ele agir para impedir o fim da histeria futebolística, ameaçada pela tristeza gerada pela perda de direitos.
Mais estranho ainda é ver que o pedido nobre de manter o fanatismo ilusório do futebol parta de alguém com quase 100% de rejeição. O que significa que se depender de Temer, o tiro sairá pela culatra e os brasileiros passem a torcer pela derrota dos amarelados - liderados pelo também golpista, o tucano Neymar - para ver o vampiroso golpista ficar murcho de tristeza.
Como falei, é triste ver uma forma de lazer tratada como se fosse um assunto urgente de segurança nacional. Crescemos acreditando que uma forma de lazer iria salvar a nossa dignidade. Tenho certeza que se não deixarmos de ser uma Pátria de Chuteiras, estaremos sempre na pior, pois o conto-de-fadas do futebol nunca nos ajudou a ter dignidade, soberania e a ser uma potência econômica. É pura ilusão.
Mas ilusões enchem as contas dos mais ricos. Para isso que o fanatismo do futebol serve.
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