quinta-feira, 22 de maio de 2014

Desinteresse pela copa aumenta e preocupa quem lucra com ela

Desde os anos 50, que eu saiba, o futebol tem sido vendido como "dever cívico", embora não passe de uma forma de lazer. Por mais legal que pareça ser, associar uma forma de lazer a assuntos sérios como respeito à pátria soa como sinal de imaturidade. É como medir a qualidade de ensino de uma escola usando as brincadeiras de recreio como parâmetro.

Mas como crianças que estão prestes a largar a chupeta, aumenta cada vez mais o número de brasileiros que não curte futebol, embora até mesmo quem curta já perca o interesse pela copa. Afinal, a "seleção" já ganhou tantos títulos e tantos jogos que já virou rotina ver os amarelados cantando vitória. Perdeu a graça.

Mas esse crescente desinteresse pela copa está preocupando muito as autoridades, empresários e publicitários que sempre se beneficiaram da suposta unanimidade do futebol para lucrar muito dinheiro. Afinal quando se transforma algo em obrigação, consequentemente você estará obrigando alguém a pagar por esta obrigação. Trocando em miúdos: lucro mais que garantido, pois torcedores se sentem obrigados a pagar por  qualquer quinquilharia temática sobre futebol, por motivos de "dever cívico".

O fim dessa obrigação, por cancelar estes lucros garantidos, tem feito com que os envolvidos reclamem sobre a falta de interesse. Para quem é ingênuo, soa como desprezo pela nação, mas na prática é o contrário: a população percebeu que o futebol é somente um lazer, que só deve ser priorizado em tempos de prosperidade plena (uma utopia, se observarmos a situação de nossa sociedade).

Já percebe-se uma mudança na publicidade. As propagandas ufanistas ainda continuam, mas se tornam raras. Há empresas indispostas a investir em produtos da copa. Ainda existem condomínios decorando com as cores da copa, mas não é mais a maioria. Telejornais já não se transformam mais em edições extra dos programas esportivos de inicio de tarde. 

Tudo mudou? O brasileiro amadureceu? Difícil dizer, mas nota-se o começo de uma mudança de hábitos. Esperamos que o futebol passe a ser visto como uma mera diversão, válida, mas nunca urgente. Somente a baixa auto-estima pode fazer com que uma sociedade coloque uma forma de diversão como "símbolo máximo de civismo". Tolice. Futebol é muito mais legal se for tratado como uma brincadeira, pois foi para isso que ele foi criado.

Que todos que esperavam a utópica unanimidade para lucrar com o futebol que aprendam a explorar outros meios de lucro financeiro. Dói saber que as "crianças" vão deixando as suas "chupetas" e sua candura ingênua, mas é saudável vê-las se preocupando bem mais em conhecer e observar as outras coisas que estão ao seu redor. 

Pois o Brasil é grande e por ser grande, não deve ser representado por uma coisa só. Temos futebol, mas temos muito mais coisas, um gigantesco leque de diversidade que merecia mais atenção.

Se temos diversidade em tudo que existe em nosso país, porque não haver diversidade em nossa forma de divertir, através de outras modalidades esportivas e outros meios de se entreter?

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