quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Não odiamos o futebol. Odiamos o monopólio

O Brasil é um país grande. Uma imensa diversidade de etnias habita seu vasto território de grandes variações geográficas. Nossa cultura também é variada. O que se come no norte não se come no sul e vice-versa. Nossa vocação é para a diversidade. E reivindicamos respeito a essa diversidade. Então, porque diacho que no gosto pelo esporte temos que ficar reféns de UMA ÚNICA modalidade esportiva: o futebol?

É onde situa a nossa maior contradição. Queremos ser diversificados em tese, mas queremos ter os mesmos gostos na prática. E o futebol nos dá essa falsa homogeneidade que nos faz  pensar sermos "tipicamente brasileiros".

Os que preferem passar longe do futebol não odeiam o futebol. Não há nada de errado com  futebol. O que há de errado está no que os brasileiros fazem com o futebol: um lazer de fato supérfluo e bobo levado extremamente a sério e usado como razão postiça de auto-afirmação do povo brasileiro. E é essa hiper-valorização que é o verdadeiro objeto de nossas críticas.

Hiper-valorizar o futebol é criar preconceitos, é adiar assuntos urgentes, é ser modista, é ser autoritário, é aceitar as coisas como estão e o mais revoltante: é recusar a nossa vocação pela diversidade. Sendo mais clero: é recusar a própria diversidade, achando que todos devemos gostar de uma coisa só. UMA COISA SÓ!

Esse monopólio que coloca o futebol como obrigação nacional cria uma monotonia que só faz entendiar ainda mais os que não curtem o futebol. É triste durante às épocas de copa para os que querem fugir do futebol. Sem amigos, sem diversão fácil, o não-torcedor tem que se virar para ocupar a mente durante o silêncio rompido pelos berros enlouquecidos de torcedores entorpecidos pelo ópio pseudo-cívico.

Sonho com o dia em que o futebol fosse tratado como um lazer comum. Quando uma pessoa diz para outra: "Estou com tempo livre. vamos lá assistir a um joguinho?", como quem diz "Vamos ao cinema?" Mas isso não acontece. Crentes de cumprir um dever cívico, as pessoas decidem assistir aos jogos como se fossem a um cartório para tirar a carteira e identidade. Triste.

Para deixar claro, nada temos contra o futebol. temos contra o monopólio, contra a monotonia e contra toda forma de padronização. Brasil é o país da diversidade e gostaria que essa diversidade fosse ampliada ao gosto pelo esporte. Há tantos esportes! porque devemos ficar nos atrelando a um só, que nem mesmo é o mais divertido?

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