quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O homem que transformou o futebol em dever cívico

Na última terça feira, recebi a notícia da morte de João Havelange, famoso cartola brasileiro que foi presidente da CBF e da FIFA. Uma personalidade controversa que acima de tudo foi o grande responsável por criar o mito do "futebol brasileiro ser o melhor do mundo", o que acabou transformando o que seria uma forma de diversão em um dever cívico. O que justifica a tristeza de muitos com o fracasso de farsa Neymar & CIA, mesmo que o Brasil se saia bem em outras modalidades esportivas e setores fora do esporte.

Foi uma coincidência enorme o mito do "melhor futebol do mundo" ter nascido na gestão de Havelange. Não se sabe como, pois nos livros que li isso não foi detalhado, o futebol brasileiro começou a ser hegemônico graças a visão liberal de Havelange, ex-atleta de natação que se tornou um dos mais poderosos cartolas de futebol. Havelange também era empresário e chegou a ser acionista da Viação Cometa (hoje de propriedade da Auto Viação 1001), por alguns anos.

Havelange também é conhecido por se envolver em esquemas de corrupção (alô, coxinhas! Vamos bater panelas para Havelange?). O próprio mito de "melhor futebol do mundo" foi construído através de compras de resultados ou de subornos a adversários para "jogarem mal" e deixar os brasileiros vencerem.

O povo, ignorante, ficava maravilhado, pois os brasileiros, ruins de bola e bons de ginga só precisavam dançar para enganar a torcida e fingir genialidade e brilhantismo. Até porque o futebol, pelas suas características, não exige nenhuma genialidade. E pronto! O mito foi criado e vale até hoje, embora este ameaçado de acabar, para desespero dos brasileiros mais fanáticos.

Havelange estava com 100 anos, aposentado há um bom tempo de suas funções. Estava doente e faleceu na manhã de terça feira de pneumonia (ele era fumante). Certamente não deixa saudades para quem conhecia seus nojentos, mas eficientes episódios de corrupção, embora fosse graças a ele que os brasileiros preferem um país campeão em futebol do que em setores mais essenciais de nosso cotidiano.

Agradeçamos a Havelange pelo nosso péssimo hábito sermos o único povo a considerar o futebol como dever cívico, obrigação social e prioridade máxima, em detrimento a assuntos muito mais essenciais, onde somos eternos perdedores. Com o "time" político comandado por Michel Temer, tão "honesto" quanto qualquer cartola da CBF e da FIFA, continuaremos perdendo ainda mais.

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