quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O desprezo pelas Para-Olimpíadas

Uma coisa que pessoalmente me entristece é o tratamento sub-alterno dado aos jogos para-olímpicos, onde competem atletas com algum tipo de limitação física (me recuso a falar em deficiência: deficientes não ganham jogos). Na minha opinião, deveria até ser mais evocado que os jogos olímpicos propriamente ditos. Não tem muita graça ver gente "normal" ganhando competições.

Infelizmente o preconceito contra pessoas com necessidades especiais ainda é gigantesco. As pessoas estão se comportando como se não houvessem mais jogos. Isso faz com que as Para-olimpíadas sejam completamente desprezadas. 

O desinteresse midiático é escancarado. Os ingressos estão sendo vendidos a preços baratos ou doados na tentativa de lotar as arquibancadas. O evento já não causa expectativa, estando fora do assunto corriqueiro das pessoas no cotidiano. Enfim, temos a falsa impressão de que as Para Olimpíadas não irão ocorrer. Negativo.

Não só irão ocorrer como serão ainda mais legais. Criados para tentar elevar a auto-estima de pessoas com limitações físicas, os jogos para-olímpicos costumam dar mais medalhas a brasileiros. Muitos atletas para-olímpicos são grandes campeões em suas modalidades, talvez pela dedicação maior que tem na prática do esporte, algo que não acontece com os "normais", ocupados durante o ano em outras atividades, só se preparando nas proximidades de competições. Isso é uma hipótese.

É muito bom ver pessoas com limitações físicas se superando. Isso serve de estímulo a muitos não-atletas com limitações que ao ver o sucesso de pessoas nas mesmas condições no esporte, se sente valorizado e estimulado a lutar pela vitória na vida cotidiana;

O desprezo que é dado às Para-Olimpíadas é triste e um sinal claro de que ainda temos muito preconceito com as pessoas com necessidades especiais. Ainda precisamos aprender muito para entender que limitação não é defeito e que pessoas com limitações físicas tem condições absolutas de viver plenamente e satisfazer seus direitos. 

Mesmo para os portadores de necessidades especiais, limitação não é sinônimo de limites. A ausência das empolgadas palmas destinadas aos "normais" não os impede de vencer os seus obstáculos e de nos dar importantes lições de vida.

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