quarta-feira, 13 de junho de 2018

Estamos deixando a infância?

Segundo pesquisas, está havendo uma possível queda de popularidade do futebol, já denunciada pelo desânimo dos brasileiros na copa que se inicia. Será que estamos finalmente amadurecendo? Será que o futebol deixará de ser um dever cívico e retomará a sua vocação original de mera diversão? Será que o futebol passará a ser coisa de torcedor e não "coisa de brasileiro"?

Sendo a seleção com mais títulos em campeonatos mundiais, a população começa a perceber que esta vantagem não interfere no mundo real e nem serve de compensação para um país que, após o golpe, retoma a sua triste sina de país sub-desenvolvido, submisso ao Grande Capital das grandes potências.

Tanto as esquerdas ingênuas que defendem o patriotismo de copa quanto a direita que lucra com o futebol em épocas de copa estão desesperados pelo possível desinteresse pelo futebol. Por um motivo ou por outro, há forças que se dão muito bem com o aumento de adesões a uma histeria ilusória que em nada interfere na melhoria da população brasileira.

Durante muitas décadas fomos programados para aceitar o futebol como nosso maior motivo de orgulho. Ao ponto de transformar a modalidade em obrigação social, fazendo com que muitos só "gostassem de futebol" para se sentirem incluídos na sociedade ou terem a oportunidade de berrar feito loucos sem que isso parecesse uma gafe. 

Éramos como crianças, priorizando uma brincadeira para deixar assuntos sérios para segundo plano, enquanto os problemas cresciam como um câncer a ponto de se tornarem quase insolúveis. Isso sempre foi maravilhoso para as classes dominantes que, além de lucrar muito com a copa, usava o futebol para anestesiar literalmente a população, que acabava se conformando com a situação ruim em que se encontrava. Somos ruins em tudo , mas pelo menos melhores no futebol. E isso era tudo.

Mas com o golpe que destrói direitos e soberania, nem mesmo ser "o melhor no futebol" compensa a desgraça. Somado ao fato de que os coxinhas roubaram o uniforme da CBF, obviamente inspirados na insistente confusão entre futebol e pátria, o golpe tirou a nossa capacidade de sorrir diante da diversão. 

Descobrimos finalmente que a vitória no futebol não somente não influi no mundo real como é utilizado de forma perversa pelas forças que nos querem na miséria. Não é coincidência que os financiadores do golpe são os mesmos que patrocinam a Seleção Brasileira de Futebol. Ou seja, vamos dar o osso para o cachorro parar de latir enquanto o sacrificamos. Fazer o brasileiro sorrir da desgraça crônica imposta pelos mesmos que trazem a diversão. Perversidade estranha, essa.

Vamos aguardar os anos que se seguem. Um dia as pessoas saem da infância e passam a largar os brinquedos. Será que os brasileiros estão finalmente entrando na maturidade, desistindo de transformar uma mera brincadeira em dever cívico? 

Será que vamos parar de brincar de patriotas de quatro em quatro anos para sermos de fato patriotas e lutar pelos nossos direitos e nossa soberania, arrancados na marra pelos golpistas? Tomara! Já está mais do que na hora!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Vini Jr, Racismo e a hipocrisia da Classe Média brasileira

O assunto desta segunda feira com certeza foi o inaceitável caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Júnior, o Vini, durante um jogo de...